segunda-feira, 20 de junho de 2011

ALGO MAIS FORTE QUE EU, A IMPOTÊNCIA...

Desde que vi “Incêndios” (2010, de Denis Villeneuve), na tarde de ontem, este filme não me sai da cabeça: ele me incomoda, tanto por dentro, quanto por fora, ele me faz sentir impotência... Incomoda-me por fora porque, infelizmente, do meio para o final, o esquematismo preciosista do roteiro destoa da sinceridade militante e defensiva do enredo. Incomoda-me por dentro porque dói, porque fala sobre interpretações equivocadas da noção de religião, porque soma trauma com dor e entrega-nos a culpa. Incomoda-me a tal ponto que, no afã por escrever algo que explicasse este incômodo, expurguei uma das críticas mais entreguistas e opinativamente limitadas que escrevi: por mais sincero que o texto esteja e se pretenda, eu mesmo não seria convencido por mim no que tange à argumentação justificativa acerca da detecção das principais imperfeições propositais do filme! Talvez seja culpa de minha devoção actancial pela Lubna Azabal, talvez seja reflexo de minha eventual impotência política que fora tão bem refletida no filme, talvez seja a desnecessidade de acrescentar o que quer que seja à beleza trágica e imperiosa do principal fotograma de divulgação do filme, justamente este que ostenta esta postagem... Talvez! Como eu defendo a tentativa a qualquer custo, até que sinto um orgulho plácido por meu texto avaliativo, mas não serei lembrado num futuro imaginário por esta crítica: o filme em si cumpre muito bem este papel por mim. “Incêndios” fere tanto que eu senti a amargura da protagonista como se fosse minha!

Wesley PC>

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