segunda-feira, 27 de junho de 2011

PUBLICITÁRIO DE VERDADE VENDE COMO ALGO POSITIVO ATÉ MESMO O FIM DO MUNDO!

Errrrrrrrrrrrrrrrrrrrr... Na falta de algo imediatamente inteligente e/ou combativo, eis o que concluo ao final de minha capitulação capitalista após ter visto “Eduardo & Mônica” (2011), pretenso curta-metragem do publicitário Nando Olival que não passa de um videoclipe comercial, realizado para a empresa de telefonia celular Vivo, com base numa célebre canção homônima do grupo brasiliense Legião Urbana, quiçá uma das mais apaixonantes que eles já compuseram...

Mesmo na época em que eu tinha uma ojeriza traumática ao grupo (do qual não sinto mais vergonha em admitir que hoje sou fã), nutria um carinho muito especial por esta sublime estória de amor, na qual uma estudante ‘pimba’ de Medicina apaixona-se por um ‘office-boy’ adolescente e ‘pop’. Digo mais: hoje eu enxergo este tipo de relação afetiva como um “ideal possível” de romance, de maneira que costumo brincar com um amigo de trabalho homossexual que meu tipo ideal de rapaz é aquele meio abobalhado que aparece com constância diante do balcão em que me sento profissionalmente...

“Tinha tão pouca gala naquele ralo hoje à noite. Acho que ele bateu punheta à tarde, naquela hora em que eu o ouvi tossindo, quando veio estender a toalha cor-de-rosa na varanda”...

Na canção, Eduardo e Mônica são quase antagonistas apaixonados: ela é fã dos filmes de Jean-Luc Godard; ele costuma passar horas diante de jogos eletrônicos... Ela fala alemão, enquanto ele ainda está aprendendo inglês... Eles se amam, brigam e se complementam, como deve ser em qualquer relação amoroso com possibilidades de dar certo: é uma canção que emociona, que nos faz sonhar!

No videoclipe publicitário vendido como curta-metragem, a canção é executada na íntegra, enquanto imagens bonitas de um rapaz bonito e uma moça bonita linearizam ao extremo a estrutura assaz linear e direta da canção. Ouso dizer que é um desperdício de talento? Sim, mas do compositor Renato Russo, que merecia um filme mais honesto no que tange à usurpação supra-comercial de seus motes enredísticos. Tenho coragem de dizer que o filme é ruim? Infelizmente não por completo: sou refém da canção e, como tal, por mais raiva que eu sinta do projeto demoníaco como um todo, me vi cantarolando “quem um dia irá dizer que não existe razão para as coisas feitas pelo coração?”. Digo mais: sou cúmplice! Para mim, os telefones celulares são uma das ferramentas interativas mais funcionais que já foram inventadas... Idiota que eu sou, idiota (leia-se: apaixonado)!

Wesley PC>

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