sexta-feira, 8 de julho de 2011

“EU SOU CATÓLICO, PÔRRA! NÃO DÁ PARA SER DE OUTRA RELIGIÃO NÃO...”

Quando eu comecei a ver “O Chamado de Deus” (2000, de José Joffily), a minha curiosidade espectatorial era deveras pessoal. Muito mais conteudístico-moral do que necessariamente cinematográfica. E o filme em si pouco fez para que eu me interessasse mais por ele, a princípio. O diretor apenas entrevistava garotos e garotas que explicavam para a câmera o porquê de se tornarem seminaristas. O tema geral do documentário era a influência da Renovação Carismática Católica no Brasil hodierno. E, como tal, o padre Marcelo Rossi era uma pessoa que deveria ser obrigatoriamente entrevistada. OK. Mas, enquanto filme, ainda achava o filme pouco abaixo de mediano.

De repente, instaura-se um sutil debate ideológico-religioso valiosíssimo para a (minha) apreciação do filme como um todo: de um lado, partícipes de um movimento católico similar aos padres socialistas da Teologia da Libertação diziam que os seguidores do padre Marcelo Rossi e os carismáticos em geral promulgavam uma espécie de “regressão intelectual” no plano religioso; do outro, os carismáticos acusavam os religiosos para-socialistas de serem bitolados e numericamente inferiores. Entre uma e outra situação, o próprio Marcelo Rossi é entrevistado e comenta que não fala "como padre, mas sim como professor de Educação Física: o corpo fala!”. Ou seja, ele defendia assim as manifestações e estímulos de júbilo no tipo de liturgia que proclama, em que até mesmo o Hino Nacional Brasileiro é dotado de significação católica. Os para-socialistas tachavam-no de “marqueteiro”. E eu lembrava positivamente do irmão carismático de alguém por quem me interessei romanticamente há alguns meses, de maneira que destinei a ele (e a alguns amigos íntimos) uma frase que muito me marcou no filme: não me leve a mal, mas a depressão é a falta de Deus”. E a presença de Deus é o amor. E amor é algo que eu encontro bastante entre meus amigos!

Numa das cenas mais interessantes do filme, depois que acompanha as visitas dos seminaristas às suas famílias, a equipe técnica do filme entrevista alguns fiéis que se acotovelavam num espetáculo-monstro no estádio do Maracanã. Uma menina grita que Jesus a deixa muito feliz, enquanto um rapaz bonito e com o cabelo modernoso profere a frase que intitula esta postagem. Minha mãe senta a meu lado no final da projeção, enquanto eu revia internamente a minha relação paradoxal de atração e repulsa que nutro pelo Catolicismo, bem mais atração do que repulsa, aliás. Ao final, gostei bem mais do filme do que eu próprio esperava. Quero que ele seja visto por mais pessoas, a fim de estimular o debate. Deus clama por isso!

Wesley PC>

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