quinta-feira, 7 de julho de 2011

“ITE, MISSA EST” (VULGO: SOU DE OUTRO PEQUENO MUNDO)

Acabei de ver “Meu Amor de Verão” (2004, de Pawel Pawlikowski), conforme indiciado na postagem anterior. Porém, ao contrário do que eu imaginava e me recomendaram, desgostei crassamente do filme! Achei inconvincente o conflito de “pequenos mundos” entre a interiorana deslocada que se apaixona pela rica mimada e mentirosa que veio da cidade... Mas não vou mentir dizendo que não torci pelo romance delas duas. Sim, eu torci: a canção recorrente do Goldfrapp (“Lovely Head”) que tematiza a paixão de ambas é tão bonita...

Ainda durante a sessão emocionalmente malfadada do filme, lembrei que havia feito uma promessa a um amigo de trabalho: disse-lhe que, em breve, escreveria uma resenha do segundo disco solo da cantora finlandesa Tarja Turunen, “My Winter Storm” (2007), que descobri recentemente – por indicação de um dos visitantes deste ‘blog’ – e que me encantou bastante. Porém, não sou aficionado pelo ‘heavy metal’ (no caso, em sua variação sinfônica) e, como tal, temo que não disponha de um arcabouço válido para julgar o álbum. Gosto dele, ele me encanta, mas receio não compreender a contento o quer a artista quis transmitir a seu público: é tudo tão gélido...

A abertura bachiana do álbum me encanta: logo no começo, é sugerido que a missa é finita. Segue-se “I Walk Alone”, uma das diversas canções melancólicas do álbum. Na letra, a esperança está esfacelada, ninguém pode salvar quem sente o amargor da vida... Por que será que o eu-lírico do disco parece tão triste? Segui ouvindo, o disco me encantou de imediato. Faixa 03: “Lost Nothern Star/Buried in sorrow/ I'll guard your mind/ Let demons howl outside”. Mais tristeza!

E eu seguia em frente: vieram canções sobre um reino, sobre uma pequena fênix, sobre um garoto e um fantasma, sobre um oásis (cantado na língua natal da cantora), até que eu me deparasse com a faixa 11, “Poison”, mais dançante, mais consciente da subsunção à peçonha amorosa de outrem. Não deu outra: repeti esta faixa, várias e várias vezes, na primeira madrugada em que ouvi o disco:

I wanna love you, but i better not touch (don't touch)
I wanna hold you, but my senses tell me to stop
I wanna kiss you, but i want it too much (too much)
I wanna taste you but your lips are venomous poison.
Your poison running through my veins,
Your poison...
I don't wanna break these chains”


Daí por diante, o disco poderia até ser desinteressante, que eu não ligava mais: estava satisfeito. Havia encontrado uma canção que falava diretamente a mim. Quatro faixas depois, eu me depararia com “Die Alive”, quiçá a canção mais conhecida do álbum e a preferida do meu amigo de trabalho, que canta em casamentos aos finais de semana. “Morrer Vivo”? O que será que a Tarja quis dizer com isso?! E ainda faltavam três canções para encerrar o disco: são 18 ao total, sendo que a faixa final, “Calling Grace”, é mais branda que o restante. Quase celta, mística, apaziguadora, com a permanência do amor como mote literal. E, ao som desta faixa, eu peço desculpas ao meu amigo de trabalho: não conseguirei redigir a resenha que tu me pediste. Desculpa! Mas o disco é bom, é bonito... Só não sei se compreendi o que ele quis (me) dizer!

Wesley PC>

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