domingo, 21 de agosto de 2011

ESTA COISA DE REAGIR COM MÚSICA: “O MEDO DE FICAR SÓ ME APAVORA” ‘ET ALLI.’(A JADSON TELES, ONDE QUER QUE ELE ESTEJA)

Se eu fosse continuar associando trechos de canções que me afetam pessoalmente a pequenos textos de justificação, eu tenderei à eternidade da escrita, canções que amo e me fazem amar não faltam. Mas ontem eu experimentei um conjunto de epifanias musicais que são deveras funcionais, à guisa de encerramento interruptivo: ontem eu fui a um bar de karaokê e vi a vida como ela é. Pessoas choravam enquanto cantavam, pessoas externavam lamúrias íntimas enquanto liam o que estava escrito na tela, pessoas demonstravam que Música é Arte e, por extensão, é Vida. E eu fui uma destas pessoas...

Quem me conhece, sabe que sou muito relutante no que tange à presença nalguns lugares pagos. Não bebo, não consumo comidas que hipertrofiam o valor comercial por causa da mão-de-obra empregada e não me sinto confortável com regras consensuais de educação pública. Eu sou impulsivo e, como tal, só me sinto à vontade para me soltar em locais amplos que me permitam a movimentação frenética ‘ad extremis’. Ontem eu encontrei um lugar que me contemplou neste sentido: fui a um bar de karaokê em que, dentre vários outros petardos, pude me emocionar sobremaneira enquanto gritava as letras de obras-primas musicais como “Homem com H” (Ney Matogrosso), “Like a Virgin” (Madonna) e “Zombie” (The Cranberries), para ficar apenas em algumas. Mas nenhuma delas me rasgou tanto quanto “Porque Brigamos”, da Diana, sobre a qual eu dediquei uma interpretação ‘punk’, gritada, explosiva, tanto que o proprietário do bar precisou correr para abaixar o som dos aparelhos técnicos que reproduziam e tornavam minha voz altissonante. Eu estava tão possuído pela canção e tudo o que ela representa para mim, que precisei ser segurado por alguns amigos enquanto cantava, a fim de baixar o tom, a fim de lembrar que ainda estava na Terra. Ontem, eu me emocionei de verdade num lugar em que o consumo era a tônica dominante...

Fiquei tão empolgado com o lugar que saí recomendando-o a vários outros amigos que eu encontrava. Se era de um ‘point’ digno que eles e nós precisávamos, este é o lugar. Como bem disse meu amigo Tiago Oliveira, no momento em que testemunhávamos o arrebatamento passional de um homem triste enquanto personalizava a apresentação de “Uma Noite e Meia”, a Marina Lima, só entende quem sente”. E ontem eu entendi porque senti. Foi forte, foi intenso, foi pulsante, foi lindo! Este bar de karaokê mostrou que ainda existem possibilidades pouco exploradas de minha vida pública. Que bom que eu saí de casa e fui neste lugar!

Como adendo avaliativo, o contexto da nossa presença ali: estávamos a comemorar o aniversário de nosso querido amigo Américo Nascimento. No mesmo local, um rapazola bonito e comprometido também completava anos. Oportunamente, pedi que Américo lhe oferecesse um pedaço da torta de chocolate que ele havia ganhado de presente. O rapazola aceitou e nos agradeceu. Um outro reclamou que algumas de nossas posturas comportamentais não eram adequadas para aquele local, mas apenas para guetos ‘gays’. Eu dei de ombros e continuei a ser quem eu era, num local cujo intuito maior é o lucro, mas que seria também para que puséssemos para fora o que nos afligia. E eu pus: afinal de contas, o medo de ficar só nunca deixou de me desesperar. E o que aconteceu no raiar da aurora contígua a esta noite fez com que eu fosse obrigado a rever muitos dos conceitos que eu próprio tenho sobre a minha idéia defeituosa e carente de amor. Outros textos explicativos sobre tido o que me possuiu esta noite ainda serão escritos... Mas hoje eu canto, ainda canto: “a nossa vida deve ser de alegria”. E não só a minha, pois só ama e é feliz quem tem amigos. Eu tenho-os!

Wesley PC>

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