quinta-feira, 29 de setembro de 2011

DESCRIÇÃO DE UMA CAGADA:


O banheiro estava com uma iluminação baça, muita água suja no vaso sanitário, medo de que aquilo tocasse em minha bunda. A vontade de pôr a merda para fora era forte, mais forte do que eu, uma necessidade sumamente fisiológica e, quiçá, existencial. À medida que eu me acocorava no vaso e direcionava os tolôcos para uma área aquosa cujas gotas de sujeira não tocassem na minha zona glútea, eu pensava na vida, naquilo que chamam de vida, nas tentativas malogradas de filmar o meu próprio cu soltando bosta. Nunca consegui, por mais que muito já tenha tentado.

Defeco muito rápido, aliás. Tão rápido que, se a descrição acima correspondesse à minha realidade, talvez fosse inferior a um parágrafo. Talvez. Mas como cada ato de vida está relacionado a muitos outros, enquanto eu defeco (ou quando penso em defecar), associo este anseio fisiológico a outro tipo de motivação, à curiosidade em estimular o ânus como se estivesse me masturbando, ao material que se encontra digerido naquela massa informe e fétida (“será que eu encontrarei aqui grãos de milho ou resquícios de esperma?”), ao tempo que estou dedicando àquela atividade, a tanta coisa... Ai, ai...

Sim, sim, estou experimentando um bloqueio criativo, mas a bosta da foto não é minha!

Wesley PC>

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