quarta-feira, 7 de setembro de 2011

SE ME PERGUNTAREM POR ALGO MIRÍFICO, EU JURO QUE APONTO!

Ou, noutras palavras, o que eu preciso apenas é de um pretexto para citar uma magnífica citação do livro “Crônica da Casa Assassinada” (1959), do mineiro Lúcio Cardoso. Na página 302 da edição lançada em 2009 pela Civilização Brasileira, a insossa e mal-amada Ana Menezes me atinge em cheio com estas palavras:

Não era uma medalha, nem um escapulário, o que batia ali contra meu peito – era apenas a chave do quarto onde Deus me havia tão cruelmente ferido. Decerto o problema supremo é este, Deus e o homem, mas, por mais que faça, não posso imaginar Deus afastado do amor, de qualquer amor que seja, mesmo o mais pecaminoso, porque não posso imaginar o homem sem o amor, e nem o homem sem Deus”.

E houve o tempo em que eu dissesse que a masturbação é uma prece. Não nego minhas palavras neste instante. Definitivamente, não as nego. As pratico, as ponho em xeque, as compartilho, as somo com palavras de outrem. Este livro me fere – e meu corpo arde, minh’alma arde, minha vontade!

“Era criança, mas eu fiz dele um homem. Marquei-o, para que nunca mais se esquecesse de mim. Ah, os que imaginam o amor à distância, com um fruto sem experiência. Estão longe de saber o que é a delícia deste sofrimento, porque é sofrimento, terrível e doce ao mesmo tempo. Como pode falar em amor, você, que durante toda a sua vida só conheceu um homem repugnante? Como ousa encarar-me e cobrar os juros de um pecado que não sabe um preço? Ah, como ele chorava em meus joelhos, como implorava um beijo meu, uma carícia, e eu fingia negar-lhe tudo para entregar-me depois inteiramente” (Nina Menezes, na “Terceira Confissão de Ana”, página 291 do mesmo livro).

A ficção, a realidade, eu, e um pouquinho mais de eu (e dos outros) em seguida.

Wesley PC>

Nenhum comentário: