segunda-feira, 14 de novembro de 2011

“ADEUS, MEU QUERIDO, ADEUS!”

“ – Tu estás sendo demasiado trágica.
- Oh, me desculpe. Então, adeus, meu querido. Adeus!”


Por volta das 13h50’ de hoje, minha mãe e meu irmão encontraram uma nota antiga de R$ 1,00 escondida num livro de Educação Moral e Cívica. Eles não sabem se a nota ainda é válida (suspeito que sim), mas ficaram contentes com este inusitado achado monetário envelhecido. Não lembrava de ter escondido esta nota, mas como a prática era comum de minha parte, deixei que eles ficassem contentes com o inusitado. Enquanto isso, eu preparava-me para ligar a TV. “Mata Hari” (1931, de George Fitzmaurice) seria exibido no canal TCM.

O filme começou pontualmente às 13h, hora local. Minha mãe e meu irmão pintavam o quarto, enquanto eu me esforçava para entender alguns detalhes da dublagem do filme, posto que havia um aparelho de som ligado em minha casa. De pronto, percebi que a biografia da referida espiã fora excessiva, mente romanceada por Hollywood. Interpretada pela deslumbrante Greta Garbo, a tal de Mata Hari logo conseguiu nosso afeto espectatorial. E não apenas o nosso, lógico. Numa dada cena, uma jogadora compulsiva tenta vender um anel para comprar fichas de pôquer. A jóia é recusada pelo cassino, mas desperta a atenção material de vários dos admiradores da dançarina. O tenente russo interpretado pro Ramon Novarro compra a jóia para ela, que a utilizará até o momento da despedida. E, aos poucos, à medida que os arroubos românticos do filme eram incrementados, eu me apaixonava por ela e por ele... Por isso, não entendi bem o quão diferente pareceu aos olhos cegos do par romântico de Mata Hari, a diferença de inflexão entre a frase de despedida que intitula esta postagem e a que foi proferida imediatamente em seguida, composta por exatamente as mesmas palavras. “Adeus, meu querido. Adeus!”.

Minha mãe não gostou do final abrupto do filme. No que tange à infidelidade histórica, ouso dizer que eu também desgostei, mas, enquanto filme, enquanto peça de cinema, enquanto estória de amor, ah, como eu gostei. Lindo, lindo, lindo!

Wesley PC>

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