terça-feira, 29 de novembro de 2011

UM CASAL DE BRAÇOS DADOS NO FINAL DE UM FILME BOETTICHERIANO?! SEI...

Não vou dizer o nome do filme que acabo de rever, para não estragar o prazer de quem ainda não conhece, mas antecipo que é coisa rara, muito rara, num filme dirigido pelo genial cineasta de faroestes Budd Boetticher (1916-2001), um final que não apenas pareça feliz, mas que indique que os personagens principais (o indefectível Randolph Scott à frente!) tenham garantidos um futuro comunal. É como se o diretor fizesse questão de andar na contramão do cinema fordiano, também predominantemente marcado por faroestes, em que o conceito de comunidade é dominante. No caso dos filmes de Budd Boetticher, por outro lado, a solidão dos protagonistas é tão evidente que até mesmo os vilões comentam: não está direito um homem viver sozinho!”. Eu concordo, mas quem disse que é fácil se livrar deste estigma?

No filme que acabei de ver – do qual, insisto: não falarei o título para preservar o prazer identificado de futuros espectadores – Randolph Scott interpreta o solitário dono de rancho que, em dado momento, atende ao pedido carinhoso de um garotinho e compra-lhe doces com sabor de morango. Estes doces serão o ‘leitmotiv’ objetal da primeira parte do filme, até quando descobrimos que o menininho foi assassinado e jogado num poço, ao lado do cadáver de seu pai. A segunda metade do filme, portanto, tem como tema o resgate da esposa recém-casada de um aproveitador, que a acolheu apenas pensando no dinheiro do seu pai. O resto é surpresa (em mais de um sentido para o termo: surpresa), mas, ainda assim, revendo o filme na tarde de hoje, fiquei chocado com este encantador final, em que o personagem de Randolph Scott parece ter encontrado uma pessoa apaixonada e abandonada a quem possa amar e ser amado. Se ele pôde, quem sabe eu também não tenha uma sorte dessas algum dia?

Wesley PC>

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