quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

ANTES DE DORMIR, UMA PEQUENA LADAINHA...

Há pouco, estive tentando mijar diretamente em minha boca. Repito: fui ao banheiro e direcionei um jato de urina aos meus lábios. Desisti de sorver o ácido líquido recém-saído de minha uretra no último instante, mas, por algum motivo, cri que a tentação prévia no que tange a este fetiche teve algo a ver com o curta-metragem “The Big Empty” (2005, de Lisa Chang & Newton Thomas Sigel), que vi há alguns minutos. Sim, deve ter algo a ver...

Na trama do filme, Selma Blair é uma personagem que não se sente “vazia, mas tomada pela dor”. Após constantes visitas a ginecologistas, ela descobre que sua vagina é uma espécie de portal para uma zona congelada da Terra. Amargurada com toda esta gelidez interior, ela torna-se objeto de pesquisas e exibicionismos médicos, até que um rapaz entristecido apaixona-se por ela. Ao som da magnífica versão da banda gótica This Mortal Coil para “Song of the Siren”, hino melancólico do Tim Buckley, a protagonista do filme despe-se no mar e, ao congelar o oceano, (re)encontra o amor que talvez a protegerá da dor que emana do vazio... E foi como se eu me identificasse com esta sensação!

Apesar de, obviamente, eu ter me fascinado pela proposta enredística do filme, não apreciei completamente a opção estética dos diretores pela comicidade generalizada dalgumas seqüências. Mas não dispus de forças suficientes para conter a emoção no desfecho do filme: tão simples de resolver o vazio. Pena que não dependa somente de mim – ou da portadora da vagina esvaziada do filme. Deve ser vontade de amor, de novo. E, além de bonito e prosaico, ele é tão doce. Dá pena: vou mexer com isso não!

Wesley PC>

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