segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

DEFEITUOSO OU NÃO, ESTE FILME ME FAZ/FEZ SONHAR DEVERAS!

Ontem à noite, “Ópera do Malandro” (1986, de Ruy Guerra) foi exibido num canal aberto. Apesar de ter sido fracasso de público e crítica à época de seu lançamento, nutro uma simpatia mui particular por este filme. Não é apenas porque o magnífico disco de Chico Buarque no qual ele é baseado é excelente e meu favorito não: gosto das soluções visuais adotadas pelo diretor Ruy Guerra. Numa delas, por exemplo, Cláudia Ohana e Elba Ramalho disputam numa arena ao som de “O Meu Amor”. A arena é vista por cima, enquanto a letra da canção fica reverberando em nossa mente: “o meu corpo é testemunha do bem que ele me faz”. Não consegui me conter: enquanto a cena se dava, enviei o referido trecho da canção para alguns amigos, os quais eu supunha que estavam vendo o filme na mesma sessão que eu. Alguns, de fato, estavam e se emocionaram da mesma forma. O filme é bom, insisto: o filme é muito bom!

Ao contrário dos meus amigos, eu desgostei das primeiras cenas protagonizadas pela Cláudia Ohana e não gostei muito dela como cantora, mas, de resto, fomos unânimes ao elogiar o desempenho anímico de Elba Ramalho e a ótima composição de Edson Celulari. O sobejo de ironia na cena final do filme e os lamentos platônicos de J. C. Violla como o subestimado travesti Geni são mais alguns dos pontos positivos deste musical prenhe de brasilidade e emoção, merecedor do meu afeto próximo, de minhas lágrimas de identificação enquanto cantarolo uma ou outra canção. “Viver de Amor” jamais me deixará mentir:

“Pra se viver do amor
Há que esquecer o amor
Há que se amar
Sem amar
Sem prazer
E com despertador
- como um funcionário

Há que penar no amor
Pra se ganhar no amor
Há que apanhar
E sangrar
E suar
Como um trabalhador

Ai, o amor
Jamais foi um sonho
O amor, eu bem sei
Já provei
E é um veneno medonho

É por isso que se há de entender
Que o amor não é um ócio
E compreender
Que o amor não é um vício
O amor é sacrifício
O amor é sacerdócio
Amar
É iluminar a dor
- como um missionário.”


Terminada a sessão, eu tentei dormir. Minha garganta estava inflamada, doendo e eu mijava o tempo inteiro. Minha mãe roncava de forma estranha, me deixando preocupado com sua saúde. Tentei acordá-la discretamente, mas logo me vi tendo um sonho erótico com um colega de curso de cabelos cacheados e moção sexualista supostamente incontornável. Desejei beijá-lo no sonho e, ao despertar, me senti estranho por ainda retroalimentar as sensações oníricas genitalmente estimuladas. Seria ainda por causa do filme? Por precaução, se me perguntarem se sou um transeunte, eu responderei: “não, não, eu sou puta, moço!”

Wesley PC>

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