quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

DENTRO DO PROCESSO DE ME TORNAR UM HOMEM SOCIALMENTE MELHOR DESDE QUE TE CONHECI...

Anteontem, um rapaz me presenteou com uma cópia virtual do curta-metragem “Aruanda” (1960, de Linduarte Noronha de Oliveira), clássico indiscutível da filmografia documental brasileira, este filme, na verdade, é um tanto ficcional na sua reconstrução discursiva do círculo vicioso da “inexistência institucional” dos subempregos nordestinos. Na trama, um quilombola refugia-se com sua família num sítio afastado das feiras locais onde vende os utensílios de barro que sua esposa fabrica para garantir um mínimo de sobrevivência. E, na trilha sonora, o revezamento entre uma cantilena chorosa e uma música de pífanos conduz a nossa atenção. Um filme lindo, bem distante da chantagem emocional que eventualmente se impõe nos trabalhos de quem tematiza a pobreza e o analfabetismo alheio enquanto fórmula sociológica mercantil. Recomendo.

Apesar de ser um filme assaz emocionante, a sua condução é esteticamente distanciada, respeitosa, legitimamente humanitária. Enquanto eu o via, tinha um parto de arroz com vegetais diante de mim. Pensava de forma mui agradecida no rapaz que me deu este filme de presente, ciente de que assistir a um filme contundente como este faria de mim um homem melhor. Saí de casa e visitei um rapaz que me perguntava, aos gritos, se todo membro do candomblé era macumbeiro. A sua mãe alegava que sim, eu dizia que não. Eu consegui convencê-lo de que não ao citar a Bíblia Sagrada, onde sacrifícios de animais eram comuns enquanto oferendas ao Deus do Velho Testamento. O irmão deste rapaz jazia no sofá ao lado. É bom se sentir um homem melhor...

Wesley PC>

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