sábado, 29 de janeiro de 2011

NÃO IMPORTA SE TU ÉS GORDO, MAGRO OU PALITO, TODOS MORREM!

Esta foi mais ou menos a conclusão de uma conversa entre amigos de trabalho na tarde de ontem, quando alguém comentou que, por ser mais gordo, estaria mais sujeito a doenças cardíacas ou outras moléstias fatais. Num momento anterior, eu levantei a camisa para despedir-me de uma garota que para sua casa em Pirambu e um rapaz demasiado magro virou-se para mim e disse: “eu já fui magro que nem tu”. Não sei se isto foi um elogio ou não, mas não sou destes que associam beleza a magreza (ou vice-versa). Por isso, sou demasiado suscetível a apaixonar-me por alguém tachado de “o gordo”. Demasiado. E, como tal, achei tão graciosa a iniciativa dos organizadores do calendário de rúgbi do qual retirei a imagem acima, tão rica em sua diversidade lipídica debaixo dum chuveiro... Quem me dera estar lá! (risos)

Wesley PC>

“QUANDO SE ACEITA DINHEIRO POR ALGO, ISTO NÃO É MAIS UM PRESENTE”...

Quando eu era pequeno, havia um programa de filmes na TV Bandeirantes chamado “Força Total”, que exibia filmes de ação e/ou artes marciais todas as terças-feiras, gênero que parecia em franca dominância e ascensão à época. A maioria dos filmes era ruim e eu não gostava de assisti-los, mas era um programa tão conceituado entre meus colegas, vizinhos e familiares que, volta e meia, eu me via diante de filmes protagonizados por canastrões como Bolo Yeung, Mark Dacascos, Cynthia Rothrock ou congêneres. Mas quando alguém locava algo com o Bruce Lee, eu gostava. Ou seja, meu problema não era com o gênero!

Na época em pauta, Sylvester Stallone era um brucutu muito valorizado pelas mesmas pessoas, mas eu gostava dele menos ainda. Ainda não tinha sacado o discurso fatalista e/ou de consciência fracassada nos filmes que ele protagonizava ou dirigia, até que amadureci e fui além deste preconceito actancial (quase) justificado. Tanto que, hoje, mesmo admitindo que ele é um intérprete mais do que limitado (se é que se pode dizer isso para quem parece sempre interpretar o mesmo papel), interesso-me deveras pelos filmes que ele dirige, em que a violência aparece menos como algo a ser desejado enquanto catarse do que como um sintoma estrondoso de um mundo em perene declínio. Como tal, sentia vontade de ver “Os Mercenários” (2010). Intuía que fosse um filme bom, discursivo, equivocadamente político até. Dito e feito (mais feito do que dito – risos)!

No filme em pauta, o roteiro poderia ser resumido em pouquíssimas linhas: um grupo de homens brutos e armados são convocados para matar o assistente norte-americano dum ditador latino-americano, desde que recebam muito dinheiro por isso, mas eles ficam atraídos pela beleza da filha do ditador. Ponto. Entretanto, por detrás deste entrecho esperadamente simplista, uma radiografia contemporânea do macho cansado contemporâneo é traçada, graças à colaboração de vários dos artistas de ação a que cresci desgostando: o troncudo Jason Statham vivifica um especialista em facas que é abandonado pela namorada e carrega o peso do abandono para suas atividades assassinas contratadas; Jet Li reclama o tempo inteiro que sua vida é mais difícil porque ele é baixinho e, como tal, exige mais dinheiro, pois deseja constituir família; Bruce Willis faz pose de sério e intimidador, mas só porque está a serviço de uma conceituada equipe de inteligência norte-americana; Arnold Schwarzenegger faz um minúscula participação auto-promocional enquanto futuro candidato à presidência do país em que vive; Dolph Lundren interpreta um atormentado matador, que sente um prazer sádico ao enforcar os homens que persegue, mas se vê tentado a lutar contra aqueles que o receberam como amigo; e o deformado Mickey Rourke, meu personagem favorito no filme, interpreta um tatuador melancólico que explica ao protagonista o porquê de ele carecer tanto de uma companheira romântica ao seu lado: ficar sozinho é algo triste, concluir ao relembrar um resgaste malogrado numa antiga missão na Bósnia-Herzegovina.

Aliás, no compêndio de personagens acima relatado, percebi que não destaquei justamente o protagonista vivido por Sylvester Stallone. Motivo: ele é um canastrão deveras incômodo como ator, apesar de sua sagacidade perturbadora enquanto argumentista calejado, infelizmente inconvincente quando ele atola o roteiro de seu filme com piadinhas em graça sobre hombridade, paradoxalmente muito relevantes no que tange à composição psicológica dos tipos descritos no parágrafo anterior. Gostei muito do filme!

Chegando a este ponto da postagem, pergunto a um eventual leitor: é surpresa que eu tenha gostado tanto deste filme? Não, não é! Quem me conhece (e sabe do interesse que nutro e alimento pela alma/psique masculina), sabe que não é, apesar de ser demasiadamente engraçado (ou previsível) como a personagem não necessariamente frágil de Giselle Itié funciona enquanto catalisadora de muitas das boas percepções que este filme tão defeituoso nos leva a proferir: numa dada cena, quando estava sendo raptada pelos legítimos vilões do filme, que atiram no mercenário vivido por Sylvester Stallone, ela grita “soltem-me, seus mercenários”, numa antecipação bem-vinda da crise de igualdade de princípios destruídos/destrutivos que o janota malévolo interpretado por Eric Roberts direciona aos supostos “mocinhos” violentos desta obra; e, em momentos anteriores, o esquisito sentimento que o protagonista percebe que direciona a ela rende um ótimo e longo diálogo lacrimal com o tatuador anteriormente elogiado, apenas para ficar em exemplos positivos de caricaturização atrativa entre sexos opostos que não são comprometidos pela atuação desenxabida da atriz mexicana radicada no Brasil.

Digo mais: apesar de ter desgostado do roteiro, alguns diálogos são muito bons. Aquele que particularmente mais me trouxe boas recordações à mente: depois que volta de uma missão na Somália, o personagem de Jason Statham (pitorescamente chamado Lee Christmas) percebe que sua namorada está vivendo com outro homem. Depois que viaja ao país latino-americano fictício e resolve reencontrá-la, percebe que ela foi espancada pelo novo namorado, de maneira que ele o espanca vingativamente em público (numa quadra de basquetebol) e depois de enfiar uma faca na bola com que o espancado jogava, lança a seguinte sentença: "da próxima vez, eu furo as tuas bolas". Em seguida, ele dá carona a sua namorada e proclama, apaixonadamente: “eu sei que não sou perfeito, mas bem que tu poderias ter me esperado: eu valho a pena!”. Só por esta cena, eu deixo aqui a certeza de que este filme deve ser visto com muito mais cuidado e atenção do que pressupõem os seus divulgadores. Muito bom mesmo!

Wesley PC>

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

L. S. D.: LO-LOUVA-LOUVADO SE-SEJA DEUS!

“Nobody knows the troubles I've seen
Nobody knows my sorrows
Nobody knows the troubles I've seen
Is such a dark tomorrow
Is such a dark
Tomorrow”


Pode parecer conservadorismo de minha parte, mas acho complicado enaltecer as vantagens dos ditos “amplificadores do músculo cerebral” sem temer recair numa apologia disfuncional do que eu entendo como drogas. Qualquer possível análise da carreira do genial músico Arnaldo Baptista perpassa por este temor, conforme fiquei extremamente contente ao perceber no impactante e surpreendente documentário “Lóki – Arnaldo Baptista” (2008, de Paulo Henrique Fontenelle, já entusiasticamente comentado aqui). Nesta semana, tive o extremo prazer de ouvir várias e várias vezes o ótimo disco “Let It Bed” (2004), mais recente trabalho solo do artista, produzido pelo mineiro John Ulhoa, do Pato Fu. Que belíssima obra de arte!

O álbum se inicia com um delicioso libelo folclórico “Gurum Gudum”, sobre o que acontece com quem pisa no rabo de uma coruja. Depois se segue uma adaptação melancólico e comemorativa de uma canção do desenho animado “Pica-Pau” sobre loucura benquista, depois um conjunto de faixas inventivas, divertidas, repletas de nonsense e conhecimento de causa sobre os ditos “níveis de expansão”, visto que não foram poucos os depoentes no documentário que destacaram os efeitos negativos do sobejo de acido lisérgico na mente do cantor e compositor. Tão engraçada e convidativa a sua vozinha triste e cansada de sobrevivente de tentativa de suicídio...

Difícil escolher a melhor canção: aquela falta de rima, aquelas frases aparentemente sem nexo (“lambidas na utopia”, por exemplo, acompanhada da devida onomatopéia), aquelas declarações de amor tão prenhes de encanto (“Cacilda” é uma obra-prima!), aquela vivacidade tão divertida... Quase lamentei por ter demorado tanto tempo para ouvir (e sentir e viver) esta maravilha de disco. Tanto é que encerro esta postagem com uma transcrição emocionada da letra de “Encantamento” (faixa 11):

“Ênfase dou ao afeto, contente com o tente ser feliz
Colecionando selos
ó porque, sou louco e gosto de sê-lo assim.
Como uma gêmea siamesa, que uma das duas cabeças é careta;
A outra...Gosto não se discute!
Psicodeliciosamente, curto o encantamento
Simbiótico”


Louvado seja o "LSD" (neste caso, faixa 03)

Wesley PC>

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

O SEXO NUM FILME LÉSBICO (OU UMA DESCRIÇÃO ELÍPTICA DO SEXO):

Ao meio-dia de hoje, uma heterossexual feminina e um suposto heterossexual masculino (prenhe de afetação homossexual) me acompanharam na sessão do filme “Um Quarto em Roma” (2010, de Julio Medem), em que duas mulheres encontram-se casualmente na capital italiana e passam os minutos restantes da duração do filme abraçando-se, lambendo-se, fazendo sexo e brigando. É a regravação de um filme chileno que eu ainda não vi e lembra bastante o brasileiro “Entre Lençóis” (2008, de Gustavo Nieto Roa – já comentado neste ‘blog’), por sua vez, regravação de um filme colombiano também não-visto. Duas pessoas descobrindo o amor em meio a um cotidiano de futilidades hodiernas e muito falatório. Eu não gostei, apesar do renome do conceituado diretor espanhol. Os meus dois companheiros de sessão reclamavam durante toda a projeção: ai, que nojo, mulher com mulher!”.

Vendo este filme, diversas experiências de vida competiram por espaço em minha mente: recentemente, as cenas iniciais de embate erótico entre as duas protagonistas serviram de pretexto involuntário para uma cena de sexo oral entre eu e um espectador igualmente frustrado com o filme, verborrágico e exibicionista ao extremo. Como me chatearam as conversas inócuas entre duas moças que se diziam tão cultas! O roteiro pareceu-me tão banal, a ponto de eu quase não ter me emocionado na belíssima cena mostrada em foto, quando uma das raparigas crê-se atingida por uma flecha de Cupido. Mas, ao final, eu não resisto: emocionei-me, visto que este filme estará eternamente atrelado a uma das mais demoradas experiências com felação que vivenciei neste ano de 2011, quando me vi obrigado a agradecer a Deus pela grandiosidade do contato erotógeno que eu travava com outro ser vivo do sexo masculino. Sexo é uma prece, digo sempre!

Wesley PC>

The Pretty Reckless

Na falta da Avril Lavigne punk (?), que agora virou pop, temos a Taylor Momsen (Pequenos Espiões, Gossip Girl) para substituí-la. E das coisas adolescentes que pipocam por aí a rodo, devo admitir que até que ela é legalzinha se a compararmos com o Justin Bieber por exemplo...

A garota que é atriz e cantora tem uma banda cheia de coroas com cara de mal 'heavy metal' intitulada: 'The Pretty Reckless' e o título do primero CD se chama: 'Light me up'. É legal, toda aquela rebeldia produzida em estúdio que a gente tá acostumado a ver por aí. As musiquinhas ficam na cabeça como: 'Make me wanna die', e 'My medicine'( em que a vocalista de dezessete anos faz apologia as drogas...(?) )

Quem quiser conferir tá aqui o link do CD:http://www.4shared.com/file/DIscIcDH/The_Pretty_Reckless_-_Light_Me.htm?aff=7637829




' Somebody mixed my medicine'' lalalalalalalla


Américo!

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

QUEM NASCEU EM 07 DE JANEIRO, AGORA É QUE SIGNO MESMO, HEIN?

Quando eu era pequeno, sabia ler cartas de tarô. Quando eu me converti ao Catolicismo, prometi a mim mesmo que jamais me submeteria a este tipo de “feitiçaria”, de tentativa de leitura do futuro. Conclusão: queimei as minhas cartas no meio da rua e jurei que ignoraria qualquer referência analítica ao meu signo, que era Capricórnio, o mesmo de Jesus Cristo.

Pois bem, conversando com meus amigos de trabalho, descobri que houve uma modificação astronômica definitiva, que interferiu nas orientações astrológicas e, desta maneira, meu signo agora é Sagitário. Em verdade, isto pouco me importa, no sentido de que realmente levo a sério a minha promessa, no sentido de que recusar terminantemente qualquer leitura acerca de peculiaridades personalísticas sobre as características de meu(s) suposto(s) signo(s). Mas, venhamos e convenhamos: o assunto me fez rir demais hoje. Coitados daqueles que pautavam seus comportamentos com base no Horóscopo!

Wesley PC>

A GAGUEIRA POLÍTICA

Quando eu passava diante da Igreja Católica do conjunto residencial em que vivo, deparo-me com um hiponga que me convida a comparecer numa dada confraternização entre políticos socialistas cariocas, com o pretexto de que o local estaria cheio de “gatinh@s”. Disse-lhe que ia pensar na proposta, mas “pensar na proposta” implicou na chateação a longo prazo: mais uma vez esta compreensão equivocada da representação política alheia... Deixe quieto!

Ao chegar em casa, liguei a TV e comecei a ver “O Discurso do Rei” (2010, de Tom Hooper), filme no qual o recém-nomeado Rei da Inglaterra titubeia diante de um discurso definitivo de adesão à II Guerra Mundial por ser gago. Tudo bem, é um bom pressuposto enredístico para um filme, mas algo me incomodou sobremaneira após o clímax deste filme: no propalado discurso-título, em que o personagem de Colin Firth precisa enfrentar o seu temor diante de microfones para legar uma mensagem de apoio e esperança aos seus súditos, o conteúdo do que ele lê (escrito por outrem, como sói acontecer em cerimônias oficiais) é tornado bem menos relevante do que a forma do discurso. Ou seja, o filme leva-nos a torcer bem mais para que os ouvintes do discurso satisfaçam-se com a superação fonoaudiológica do estadista do que com o seu comprometimento em relação aos ideais políticos de que está imbuído. E, como tal, eu senti vergonha de ser cúmplice desta distorção ideológica disfarçada de arte.

Mais uma vez, uma desnecessária polêmica entre subjetivismo vocacional e objetividade política se instaura num contexto de suplantação ideológica em que o afã por lauréis estupora a autenticidade personalística. Pena...

Wesley PC>

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

A FRONTEIRA ENTRE O ‘POP’ E O ‘PIMBA’ – PARTE II

Na manhã desta terça-feira, foram anunciados os indicados à 83ª cerimônia do Oscar, programada para acontecer no dia 27 de fevereiro de 2011. Conforme voltou a acontecer desde o ano passado – e que era comum nas décadas áureas do cinema clássico hollywoodiano – dez filmes são indicados ao prêmio principal, estratagema este que tem menos a ver com a qualidade dos filmes lançado no último ano do que com um bem-sucedido esquema publicitário para filmes que, de outra forma seriam ignorados pelo público, sejam vistos com certa avidez e curiosidade.

Dentre os filmes indicados ao prêmio máximo do cinema estadunidense este ano, só não vi ainda “O Discurso do Rei” (2010, de Tom Hooper), que concorre em doze categorias. E, se por um lado, suspeito que o filme não me seja de todo interessante, por outro, sinto que serei particularmente atraído por detalhes profissionais da trama, centrada no temor de um estadista frente aos microfones, em razão de uma gagueira crônica. Hoje mesmo eu vejo este filme e amanhã poderei lançar um veredicto pessoal sobre ele.

Afora “O Discurso do Rei”, os filmes mais destacados em relação ao número de indicações prioritárias, que incluem a candidatura ao prêmio de Melhor Diretor, foram: o surpreendente e bem-humorado “Bravura Indômita” (2010, de Ethan & Joel Coen – com 10 indicações); o muito bom porém hiperestimado “A Rede Social” (2010, de David Fincher – com 8 indicações); o desgastado mas muitíssimo bem-interpretado “O vencedor” (2010, de David O. Russell – com 7 indicações) e o maravilhoso e incompreendido “Cisne Negro” (2010, de Darren Aronofsky – com 5 indicações).

Nos 32 dias que se seguem até a data da cerimônia, estes 5 filmes principais e os demais indicados serão vistos, revistos e comentados por diversos cinéfilos ao redor do mundo, sendo efetivos na aplicação do plano hollywoodiano de evasão anual. Creio que eu estarei incluído entre estes espectadores evadidos, mas isto é apenas mais um sintoma da crise que não fui bem-sucedido em anunciar na postagem anterior. Que vença o melhor?

Wesley PC>

A FRONTEIRA ENTRE O ‘POP’ E O ‘PIMBA’ – I

Por sugestão velada de meu amigo Américo, vim para casa ao som de “Hatful of Hollow” (1984), grandioso compêndio de canções do grupo britânico The Smiths. Ri ao lembrar do referido amigo tentando cantarolar o título de “William, It Was Really Nothing”, ao passo em que somavam-se, em minha mente, os comentários mais do que elogiosos de muitos amigos respeitosos no que tange à qualidade musical desta banda. Por mais que eu admita que eles estão cobertos de razão (os hinos “How Soon is Now?” e “Please, Please, Please, Let Me Get What I Want” constam, com louvor, desta coletânea), tenho um ranço leve com a sonoridade positivamente presunçosa do The Smiths. Não consigo incluí-la entre as minhas bandas favoritas, mas sei que me encantarei e consolarei deveras ao som dos 16 petardos constantes deste álbum. Mas não é sobre isso que eu tencionava falar agora...

Tome-se esta apreciação primeva de um disco mais do que recomendado por amigos filiados concomitantemente às correntes ‘pop’ e ‘pimba’ como um tímido pretexto:

“Two lovers entwined pass me by
And heaven knows I'm miserable now
I was looking for a job, and then I found a job
And heaven knows I'm miserable now
In my life
Oh, why do I give valuable time
To people who don't care if I live or die?”


Wesley PC>

Convites de terça- por Américo

Hoje, fui covidado por dois amigos gomorrenses a fazer coisas...

Para as mentes sujas eu explico! ( ok, as reticências são por minha conta, hehe)

Primeiro, ao passar no DAA para pegar os filmes do Globo de Ouro com Wesley, este me sugere que eu escreva algo no blog hoje ( cá estou!)


Segundo, fui convidado por Coelho a aparecer na Gomorra na noite de amanhã com algum filme, então povo já sabe: VENHAM À GOMORRA amanhã! O filme que trarei será o 'Vivre sa vie'= Viver a vida ( 1962) dirigido pelo nosso amiguinho Godard estrelado pela nossa querida e linda amiga Anna Karina! Inperdível, não?

Olhem a sinopse do filme no FILMOW: http://filmow.com/filme/8636/viver-a-vida/
Aliás, todos já tem conta no filmow, não? Pois façam, é divertido!


Se vocês não forem amanhã a Anna Karina vai ficar assim:



Então, vejo vocês lá!

see ya!

Hasta la vista



Américo!

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

EU QUERO UM TAPA-OLHO QUE NEM O DO JEFF BRIDGES!

Não duvidava que a versão dos irmãos Ethan & Joel Coen para o romance escrito por Charles Portis em 1968, fosse inferior à versão já filmada por Henry Hathaway em 1969, mas definitivamente os personagens de “Bravura Indômita” têm muito a ver o universo caipira dos diretores. Conclusão: com todos os defeitos, achei o filme ótimo!

Apesar de, obviamente, Jeff Bridges estar aquém do brilhantismo tardio de John Wayne como o embriagado protagonista Rooster Cogburn, o roteiro inteligente dos diretores compensou com louvor a minha ojeriza habitual a regravações fílmicas: que diálogos fabulosos neste filme! Numa das seqüências iniciais, quando a jovenzinha Mattie Ross (vivida com inspiração caricatural por Hailee Steinfeld) depara-se com o cadáver recém-embalsamado de seu pai, gargalhei várias vezes com a insistência do agente funerário em fazer com que ela beijasse o defunto. Mais à frente, gargalhei mais ainda com a tautologia situacional que fez com que ela batizasse um cavalo negro, diante de um rapazola negro, de “pretinho”. Noutras seqüências, gargalhei com o modo chistoso como o filme zombou do racismo anti-indígena característico dos faroestes. Em suma, dialogística e roteiristicamente, o filme é genial!

Poderia reclamar de alguns desempenhos mais fracos (Barry Pepper e Matt Damon, entre eles) ou de algumas cenas demasiado escuras (o ataque das cascáveis, por exemplo, mas nada que macule o brilhantismo típico de Roger Deakins, colaborador habitual dos diretores), mas a exuberância técnica do filme (a magnífica trilha sonora de Carter Burwell em destaque) me deixou encantado, imune até mesmo aos defeitos esperados e imaginados por meu pré-conceito ferrenho contra regravações de bons filmes hollywoodianos. “Bravura Indômita” (2010) é um filme bem mais inteligente do que eu pressupunha. Boníssimo!

Ah, sim, bem que eu queria um tapa-olho destes: a fotofobia decorrente de minha enxaqueca está me destruindo!

Wesley PC>

domingo, 23 de janeiro de 2011

“EU FAÇO A LINHA SM ‘LIGHT’, SM ‘CORE’, SM ‘HARD’”!

Impossível não deixar de pensar em “Obráite”, faixa derradeira do disco “Cheque Girls” (2002), do grupo pernambucano Textículos de Mary, durante a audiência ao elogiado filme pornográfico francês “Erotismo à Flor da Pele” (1991, de François Leroi). Conheci este filme graças a duas longas exegeses: o circunlóquio do jornalista Eugenio Bucci intitulado “A Arte de Algumas Partes” e uma resenha numa edição especial da revista Cahiers Du Cinema sobre “Os 100 Filmes Ideais para uma Videoteca”. Os dois artigos, cada qual a seu modo, elogiavam o filme, ao qual só consegui ver, finalmente, na noite de ontem e, para além das limitações pessoais com o cinema pornográfico, admito que gostei bastante de algumas partes.

Cabe um parágrafo explicativo aqui: não gosto de filmes pornográficos. Não somente porque sou um paspalho conservador, nem porque os roteiros deste tipo de filme costumam ser inócuos, vazios ou inexistentes, mas porque não sou habilitado em sexo penetrativo e, como tal, não me identifico eroticamente com o que se passa na tela, o que já interrompe uma premissa genérica básica, no que tange à instauração programada de reações eréteis sobre mim: aquilo não me excita, aquele tipo de conjunção carnal forçada, pelo menos. Conclusão inicial: suspeitava que não fosse achar o filme tão excepcional quanto pintam, mas... Tinha que testar, tinha que dar a cara (e a genitália) à prova!

Se eu alimentava uma curiosidade temática pessoal pela audiência a este filme, esta tem muito a ver com a imagem acostada a esta postagem: claramente inspirada por “Videodrome, a Síndrome do Vídeo” (1982, de David Cronenberg), a trama deste filme é centrada numa fita de vídeo sadomasoquista, que aprisiona na tela quem o assiste. Na cena em pauta, Zara Whites tencionava masturbar-se em frente à tela, quando percebe que a fita foi misteriosamente apagada. Quando aproxima-se do videocassete para retirar a fita, percebe o espectro de um imenso pênis no interior da televisão. Depois de beijar este espectro, três pênis saem da tela e ela reveza-se chupando um, ora outro, ora um terceiro – cena esta que, ouso confessar, excitou-me porque trouxe à tona um desejo erótico que me acompanha desde a infância: sempre tive a curiosidade de comparar os sabores e odores de várias genitálias diferentes ao mesmo tempo. Não foi à toa que nasci no mesmo ano que a AIDS (risos).

Um detalhe que me incomodou definitivamente no artigo de Eugenio Bucci sobre o filme é que ele define a pornografia como sendo “a arte de negar a arte”, definição equívoca esta que o próprio diretor Francis Leroi, licenciado em Filosofia, nega num filme posterior, mais qualitativo, “Regarde-Moi” (2001), seu último, visto que ele faleceu em 2002. Entretanto, gostei muito de cenas como aquela em que a empregada da protagonista faz sexo com o namorado dela, enquanto a mesma está aprisionada na TV, olhando-os com um olhar melancólico e do fato de o filme ser não-dialogístico, sem aqueles incômodos gemidos dos filmes típicos do gênero. Além disso, a trilha sonora jazzística de David Cap é bastante inventiva, o que obviamente não (in)justifica a cena em que uma freqüentadora assídua de bar introduza o saxofone do músico em sua vagina. Porém, gostei bastante de uma cena subseqüente, em que a ejaculação do músico é comparada a um disparo de champanha. No geral, porém, não gostei plenamente do filme, mas uma vigorosa nota 6,0 ele leva. E ergo a voz para gritar: a cena da foto excitou-me mais do que oniricamente!

Wesley PC>