sábado, 23 de abril de 2011

“INFELIZMENTE, OS PERDEDORES SOBREVIVEM”!

O adágio acima foi pronunciado no filme búlgaro que acabei de ver: “Depois do Fim do Mundo” (1999, de Ivan Nichev), sobre um menino judeu e uma garota armênia que têm seu inocente romance infantil interrompido pelos exageros etnicamente restritivos da ditadura staliniana. Quarenta anos depois, os personagens se reencontram, e o mundo está mudado, mas não se sabe se para melhor...

Enquanto via o filme, pensava no disco que baixei ontem e que ouvi antes de iniciar a sessão do filme: “Heartbreaker” (2000), estréia solo do norte-americano Ryan Adams. Elogiadíssimo pela crítica, este muso do ‘indie-country’ derrama ressentimentos amorosos em cada canção que compõe e interpreta. Excessivamente prolífico, este artista já lançou mais onze álbuns desde a sua estréia-solo, de maneira que, dentre estes, eu possuo três: além do citado “Heartbreaker”, eu ouço com freqüência “Rock’N’Roll” (2003) e, ontem, tive a oportunidade de conhecer “Easy Tiger” (2007). O pitoresco na divulgação publicitária destes CDs é que eles são sempre marcados por distúrbios amorosos envolvendo o compositor, que, volta e meia, está se condoendo por causa de relacionamentos fracassados.

No seu disco de estréia, ele havia rompido com sua namorada da época Amy Lombardi e dedica a ela a melhor canção do disco, “AMY”, que se inicia com os corajosos versos lamentosos “I don't know why I let go/ I want to be your friend/ Flowers grow through my window and I love you again/ Oh, I love you oh”. Antes e depois, temos o dorido prazer de ouvir canções nomeadas “To Be Young (Is to Be Sad, is to Be High)” e “Dont Ask me for the Water”. Periga se tornar um disco que arranhará de tanto que será executado aqui em casa... Preparem-se!

Wesley PC>

“A” PERGUNTA E 1 (UMA) RESPOSTA:


“A” pergunta: restará esperança iminente na alma lodosa dum onanista?

1(uma) resposta: reina encanto ínclito no ardor leve da oração.

Talvez seja hora de parar?
Eu tentei, juro que tentei...

Wesley PC>

sexta-feira, 22 de abril de 2011

SOB A ÉGIDE DO FILME-EVENTO:

“Quo Vadis?” (1951, de Mervyn LeRoy & Anthony Mann) pode não parecer hoje tão genial quanto me pareceu das primeiras vezes em que o assisti, mas vê-lo pela terceira vez nesta tarde de feriado sacro me pareceu algo tão solene quanto assistir a uma missa. Para além de alguns trechos lenitivos, do sobejo de confiança na ótima interpretação de Peter Ustinov como o afetado imperador romano Nero e da direção frouxa em seqüências importantes (que dotaram o clima de um aspecto doutrinário não sei até que ponto pretendido por seus produtores), este espetacular épico hollywoodiano é um dos responsáveis diretos pela conversão religiosa que hoje frutifica em mim: lembro que, ao revê-lo, há alguns anos, eu encontrava-me numa crise religiosa contumaz. Apesar de sentir que eu era inevitavelmente teísta, não me sentia devidamente cristão e, curiosamente, o filme me alertou para tal fato ao defender justamente um ponto de vista judaico sobre o assunto, visto que não é segredo para ninguém que os mais poderosos produtores da era de ouro hollywoodiana eram judeus. Por que eles se metiam a realizar tantas superproduções sobre a vida de Cristo? Por mero interesse monetifágico? Recuso a banalizar a grandiosidade do filme com qualquer resposta realista a este questionamento.

Não obstante seu brilhantismo épico, “Quo Vadis?” foi realizado numa era em que o cinema norte-americano enfrentava um dilema: como atrair a atenção de um público pagante que virava suas atenções para outros focos de interesse, como a televisão que gradualmente se instalava nos lares familiares. Somente em 1953, o Cinemascope, invenção tecnológica que potencializaria ainda mais o impacto grandioso das imagens cinematográficas, seria lançado ao público, de maneira que os méritos próprios deste filme recém-assistido soam-me ainda mais ínclitos quando levo em consideração os seus caracteres contextuais-históricos: é um filme sobre a gênese do Cristianismo que respeita a devoção que o tema pede. Não por acaso, em mais de uma seqüência, eu era tocado pessoalmente pelos sermões que personagens famosos como Sêneca, Petrônio, Saulo de Tarso e o apóstolo Simão chamado Pedro legavam aos seus co-partícipes fílmicos e ao público em geral. Fui tão atingido pela mensagem cristã do filme que, enquanto o via, enviei mensagens de celular prenhes de encantamento sagrado. E, digo mais: não me arrependo de tê-lo feito!

Ao meu lado, durante a sessão, estava minha mãe, que exultava diante daquele resquício de cristandade em meio ao desrespeito religioso comumente demonstrado pelos produtos culturais de massa que estão sendo exibidos durante este feriado prolongado. Meu irmão caçula assistiu a um terço do filme, mas, pelo visto, enfadou-se pela longa reverência que os produtores dedicaram aos feitos ensandecidos do imperador Nero. Entretanto, fiquei contente por nós três – eu, minha mãe e meu irmão – estarmos juntos, realizando uma mesma atividade espectatorial, ao menos por meia-hora. Foi o tipo de situação que me faz perceber que, no âmago de meu ser, tudo o que eu desejo tem a ver com os clichês mais descarados do melodrama telenovelesco: uma família unida e alguém para amar. Para que mais, Senhor?

Malgrado eu ter me decepcionado um tantinho com o filme ao ser penetrado por suas imagens, sons e discursos pela terceira vez (achei-o muito longo e espalhafatoso nesta oportunidade!), agradeço a saciação de minhas ambições melodramáticas nesta Sexta-feira da Paixão. E acharia muito injusto não agradecer ao filho crucificado de Deus por este gozo: obrigado, Jesus Cristo!

Wesley PC>

quinta-feira, 21 de abril de 2011

PECAR É FAZER MAL AO PRÓXIMO!

Malgrado ser enciclopedicamente divulgado como o primeiro filme pornográfico nacional exibido comercialmente nos cinemas brasileiros, “Coisas Eróticas” (1981, de Raffaele Rossi & Laente Calicchio) era-me desconhecido até o ano passado, quando eu descubro que ele é um dos filmes favoritos de uma mulher que trabalha comigo. Quando vi um exemplar deste filme na casa de um gomorrense, resolvi assisti-lo. Consegui uma cópia graças a um vizinho distante e acabo de vê-lo, em plena tarde de Quinta-feira Santa. Temi que minha mãe reclamasse por estar assistindo a este tipo de filme num dia que ela considera sacro, mas já estava com a escusa do título preparada para o uso. Afinal, não precisei usá-la: minha mãe concorda comigo no que tange à concepção utilitarista do termo pecado.

Voltando ao filme: não é necessariamente uma produção digna de nota cinematográfica. O elenco é feio, a equipe técnica parece amadora e os roteiros das três historietas são pouco inspirados, mas, para a época em que foi lançado, tem sua validade. Na primeira trama, gostei da cena inicial, em que um personagem masturba-se logo após ter defecado, sem ao menos ter lavado as suas mãos para pegar no pênis! Minutos depois, depara-se com a mulher nua que lhe serviu de inspiração erótica. Esta o convida para passar um fim de semana em sua chácara e, lá chegando, ele descobre que a filha dela está com os hormônios sexuais em ebulição, de maneira que a mãe sai às ruas, em busca de um novo parceiro... Bobinho, mas engraçado, sendo que gostei de um comentário da personagem de Jussara Calmon, modelo fotográfico, que reclama que “o trabalho consome o tempo inteiro” (risos)...

Na segunda trama, gostei de pouquíssima coisa. É uma trama chinfrim de suingue, mas chama a atenção por uma pitoresca cena de homoerotismo masculino, em que os dois maridos estão conversando à beira de uma falésia e um deles enfia o dedo na parte de trás da cueca do outro, que reclama: “tira o dedo daí, já está ficando duro”... O final, nem preciso contar, né?

Na terceira trama, aí, sim, finalmente encontrei um pouco de erotismo válido: primeiro, porque gostei da composição corpórea do ator Walder Laurentis, com aquela cara de abobalhado que tanto me seduz. Passando um tempo na chácara de sua namorada, ele faz sexo com todas as mulheres presentes no local, irritando-se somente quando sua namorada oferece-se para ele, que preferia conservá-la virgem até o casamento. (risos) Tem uma cena de motel entre genro e sogra que vale o filme inteiro!

Não sei se digo que o filme foi decepcionante ou não – visto que eu esperava pouca coisa dele – mas, nem que seja por seus inevitáveis atributos históricos, gostei muito de conhecer esta página menos conhecida do cinema de meu país, escrita justamente no ano em que eu nasci. Inclusive, adianto que deixei uma cópia do filme com minha colega de trabalho, que está impaciente para revê-lo após tantos anos... Tomara que ela ainda goste!

Wesley PC>

A LETRA DA CANÇÃO PERTENCE A UM FILME, A IMAGEM PERTENCE A OUTRO... E EU, PERTENÇO A QUEM?

O estagiário novo do setor em que trabalho chegou para mim ontem e disse que eu tenho “corpo de budista”. Segundo ele, isto é um elogio e tem a ver com a magreza que ele percebeu nalgumas fotos pessoais que eu estava vendo com uma colega. No caminho de volta para casa, acenaram para mim. Eu estava com sono – e não eram sequer 21h!

“I'd rather be blue, thinking of you
I'd rather be blue over you
Than be happy with somebody else”


Daí eu dormi, depois acordei, depois dormi de novo, depois eu li algo, depois eu visitei a residência de alguns vizinhos, depois dormi e sonhei que estava sendo atendido por um dentista da Jordânia, depois acordei, vi um longa-metragem animado japonês e, em seguida, um ótimo musical estadunidense. Estou novamente naquela fase de procurar um sentido para minha vida (ou para a vida em geral, que seja)...

“I'd rather be blue, thinking of you
I'd rather be blue over you
Than be happy with somebody else”


Comuniquei-me, através de mensagens, com o meu melhor amigo na manhã de hoje. Este hoje vive noutro Estado, mas, mesmo distante, ainda me repete que não há sentido em buscar sentido para o tal sentido da vida. Para que buscar sentido se, de uma forma ou de outra, teremos que viver, acima de tudo, viver? Daí, eu me controlei e comi macarrão com alho torrado. Pela manhã, o céu estava nublado. Agora faz sol. E talvez este seja todo o sentido que eu precise conhecer: para que mais?

Wesley PC>

quarta-feira, 20 de abril de 2011

DE MANEIRA QUE MINHAS MÃOS ESTAVAM TÃO SUJAS QUE EU QUIS CHORAR, PARA QUE AS LÁGRIMAS LAVASSEM AS MINHAS PALMAS!

“A situação antropológica da cultura de massa delineia-se como uma contínua dialética entre propostas inovadoras e adaptações homologadoras, as primeiras continuamente traídas pelas últimas: com a maioria do público que frui das últimas julgando adir a função das primeiras” (‘Kitsch e cultura de massa’ in: ECO, Umberto. Apocalípticos e Integrados. São Paulo: Perspectiva, 2006. Página 80).

Eis o que eu li na tarde de hoje, enquanto comia goiaba, banana e chocolate branco. Sentia que minhas mãos estavam sujas e, como tal, fiquei receoso em manipular as páginas do livro. Tentei lacrimejar, mas não consegui. Tive que lavá-las com água mesmo. Olhei para o chão e constatei que, no banheiro dos homens em que eu estava, alguém havia defecado no chão. Repito: cagaram no vão entre a privada e o lixeiro! Pensei que fosse um feto, um pedaço de bolo ou algo do gênero. Não tive coragem de verificar com mais afinco, mas era bosta mesmo. Não somente fiquei escandalizado com o que vi, como, ao transmitir a notícia para os meus colegas de trabalho, perguntaram em uníssono: “foi uma pessoa mesmo?”. Deixei a resposta em suspenso. Estava chocado. Afinal de contas, o conceito de pessoa varia de pessoa para pessoa.

Wesley PC>

POR QUE É QUE EU FUI DORMIR?! (OU MOTOQUEIROS ME EXCITAM PRA CARAMBA!)

Puta merda (como diria um finado motoqueiro que muito me excitou em vida), por que é que eu fui dormir?! Na madrugada de ontem, tive acesso ao icônico filme de motociclistas “O Selvagem” (1953, de Laslo Benedek), protagonizado por um Marlon Brando no auge da juventude e virilidade. É um filme curto, mas eu cochilei após 10 minutos de exibição. Pena. Pude curtir apenas a seqüência inicial, em que o protagonista diz que “foi tudo por causa de uma garota com uma olhar triste”... Tomara que o canal TCM exiba novamente este filme em breve...

Se, nas telas, gosto muito do estilo motociclístico, na vida real não é diferente: hoje eu ajudei um deles a pagar o emplacamento de seu veículo, que havia se deteriorado após uma queda, e, na tarde de ontem, simulei um jogo de sedução homoerótica com o estagiário de um setor contíguo ao meu. Ele estava com um capacete debaixo do braço, é evangélico e ficou constrangido durante a sessão de sedução, mas achou engraçado. Como eu percebi que ele ficara constrangido, fui perguntar se ele também não estava chateado. Ele sorriu novamente e eu disse-lhe: “avise-me para parar, antes que eu ou tu se acostume, visse?”. Ele sorriu mais ainda. (ruídos de buzina) Ah, como eu gosto de motoqueiros!

Wesley PC>

terça-feira, 19 de abril de 2011

“SEGUIR AMANDOTE ES INEVITABLE”...!

Eu tinha mais ou menos 17 anos de idade quando “Donde Están los Ladrones?” (1998), segundo disco comercial da colombiana Shakira, foi lançado. À época, costumava passar minhas manhãs da videolocadora de um vizinho, onde se reuniam outros amigos de infância por quem eu nutria forte atração sexual. Cheguei a pagar R$ 10,00 a um deles para que este filmasse seu pênis por 6 segundos. Eu era assim à época. Talvez difira pouco hoje em dia...

Quando estava a divulgar este disco, a artista – de quem eu gostava bastante – anunciou que o título do álbum refere-se a um inconveniente episódio real: uma de suas malas havia sido roubada num aeroporto, mala esta onde se encontravam as composições em que ela se debruçara depois do sucesso de “Pies Descalzos” (1996). Ela chegou a oferecer resgate pelas composições no programa de entrevistas de Jô Soares, mas, a julgar pela guinada ‘for export’ que sua carreira deu no início do século XXI, ela nunca chegou a rever aquelas canções... Pena, gostava muito das Shakira de antigamente!

Ouvi novamente este disco na manhã de hoje e, puxa, não me envergonho em dizer que, ainda hoje, acho-o muito, muito bom. Salvo canções mais óbvias como “Si Te Vas”, “No Creo”, "Sombra de Ti" e “Que Vuelvas”, este álbum contém pérolas como “Octavo Día”, “Tu”, “Ojos Así” e a extraordinariamente oportuna “Inevitable”, a qual não pude de furtar de repetir e repetir e repetir...

“Si es cuestion de confesar
Nunca duermo antes de diez
Ni me baño los domingos
La verdad es que también
Lloro una vez al més
Sobre todo cuándo hay frío
Conmigo nada es fácil
Ya debes saber
Me conoces bién
Y sin ti todo es tan aburrido
El cielo está cansado
Ya de ver la lluvia caer
Y cada día que pasa es uno más
Parecido a ayer
No encuentro forma alguna de olvidarte
Porque seguir amandote es inevitable


Fica o recado.

Wesley PC>

segunda-feira, 18 de abril de 2011

O PÊNDULO BAIXO DA CICLOTIMIA – EXEMPLO 3: EU SEI, EU SEI, EU AGÜENTO!

Será que eu agüento mesmo? Vendo “Alma em Suplício” (1945), melodrama policialesco de Michael Curtiz, no último domingo, vi-me diante de diversos clímaxes envolvendo a traição de uma filha em relação à sua mãe solícita. Ingrata e ambiciosa, esta garota não hesita em beijar o gigolô por quem sua mãe é atraída, pouco se importando para a dor que causaria no coração daquela que lhe trouxe ao mundo. Numa cena surpreendente, a filha estapeia a mãe numa escada, cena que se torna ainda mais chocante quando sabemos que a mulher estapeada pela própria filha é interpretada por Joan Crawford, atriz com olhar malévolo por excelência, mal-falada na vida real justamente por detratar a sua filha. E, noutra cena, o que se vê nesta foto não é necessariamente um indicativo de romance benfazejo. Aí, um rapaz um tanto afetado que trabalha comigo pergunta: “por que é que tu és uma pessoa solitária, Wesley? Tu já devias estar com alguém ao teu lado”... Eu ri, desdenhando do apelo melancólico que esta insinuação me causou: “deve ser porque tenho 30 anos de idade”...

Wesley PC>

O PÊNDULO BAIXO DA CICLOTIMIA – EXEMPLO 2: PRESENTES CAROS NEM SEMPRE SÃO OS MELHORES...

Na quinta-feira, uma aluna de Engenharia Elétrica apareceu em meu setor de trabalho solicitando alguns documentos que alegava serem urgentes para a efetivação de uma transferência de matrícula para uma universidade do Rio de Janeiro. Os documentos que ela solicitou demorariam uma semana para serem entregues, mas ela suplicou tanto que eu abreviasse o prazo que eu prometi-lhe fazer o que pudesse. Falei com ela com um tom altivo de voz: “nós temos prazos a cumprir. Não posso te dar nenhuma garantia que tu receberás o documento na data que desejas, mas sim naquela que estiver sob nossas capacidades”. Por dentro, eu sabia que, sim, poderia ajudá-la: o movimento esteve brando no dia seguinte ao seu pedido e, como tal, adiantei a documentação para esta segunda-feira, um dia antes do que ela precisava. A mesma telefonou-me três vezes nesta segunda-feira, clamando pelo adiantamento da entrega de seus documentos, mas eu mantive-me firme no prazo estabelecido, mesmo sabendo que sim, entregaria o que ela necessitava antes da terça-feira. Dito e feito: às 19h de hoje, ela apareceu diante do balcão em que eu estava atendendo às pessoas e presenteou-me com uma barra de chocolate, em agradecimento simbólico ao que eu tinha feito por ela. “É apenas o meu trabalho”, redargúi, mas ela sorriu, agradecida. Eu agradeci, em retorno. Fiquei contente por ajudar alguém e, ao fazê-lo, ajudar a mim mesmo, por extensão.

Wesley PC>

O PÊNDULO BAIXO DA CICLOTIMIA – EXEMPLO 1: A MÚSICA QUE IMPEDIU QUE EU ME AFOGASSE

Não sei se a literalidade é dispensável ou se a explicação é necessária, mas hoje foi dia de aceitar PJ Harvey como terapeuta: adormeci ouvindo “To Bring You My Love” (1995), acordei tendo certeza de que me faria muito bem se eu ouvisse novamente...

“I was born in the desert
I been down for years
Jesus, come closer
I think my time is near
And i've traveled over
Dry earth and floods
Hell and high water
To bring you my love

Climbed over mountains
Traveled the sea
Cast down off heaven
Cast down on my knees
I've lain with the devil
Cursed god above
Forsaken heaven
To bring you my love
To bring you my love
To bring you my love
To bring you my love

I know he's gonna be here
You know he's gonna be here
Yeah alright
Forsaken heaven
Cursed god above
Laid with the devil
Bring you my love
To bring you my love
To bring you my love
To bring you my love


A canção-título do álbum fala por si e por mim!

Wesley PC>

DEPRESSÃOHOMOSSEXUALCONTEMPORÂNEA

O cineasta francês Sebastièn Lifshitz tem este estranho poder de me fazer querer rever seus filmes no momento mesmo em que eles encerram: acabo de ver “Plein Sud” (2009) pela segunda vez consecutiva e é como se eu já estivesse querendo vê-lo pela terceira vez. É um filme tão difícil quanto os antecessores do diretor, mas aqui a acessibilidade é diferente: talvez eu esteja me habituando ao estilo carnal, pulsante, praiano, [homo]sexual e muito depressivo do diretor. Caramba, como ele sabe adotar uma montagem elíptica, uma sucessão desnorteadora de ‘flashbacks’, uma trilha sonora repleta de petardos melancólicos anglofílicos! Se a minha afeição por ele catapultou após as três vezes em que vi “Primeiro Verão” (2000) numa mesma semana, vendo “Plein Sud” duas vezes num mesmo domingo, posso dizer que sou fã de seu estilo. Aguardo ansiosamente por seu próximo filme. Enquanto isso, a vida espera por mim...

Wesley PC>

domingo, 17 de abril de 2011

O QUE QUER DIZER A EXPRESSÃO “VOLTAR-SE PARA DEUS”?!

Se há alguém olhando nos olhos desta criatura mostrada em foto, esta é a pergunta que faço: o que quer dizer a expressão “voltar-se para Deus”?

Recebi uma mensagem de celular contendo tal expressão na manhã de hoje, comuniquei ao remetente que não entendi a expressão no contexto em que ele me indicou e, mesmo assim, não obtive resposta. Outras confissões, expressões e respostas chegaram-me através de mensagens subseqüentes, mas não a explicação para a pergunta acima. E, frente à debilidade sentimental (apelidada por outrem de fervor religioso) que me caracteriza vez por outra, eu me confesso incapaz de interpretar o significado desta expressão sem ser infiel ao espírito de quem a pronunciou em direção a mim: o que quer dizer voltar-se para Deus, com ou sem aspas?

Sabendo ou não sabendo o que isto significa, eu volto-me para Deus agora: “Deus, Deus, misericordioso Deus”, como repete sem parar a personagem de Ingrid Bergman no espetacular desfecho de “Stromboli” (1949, de Roberto Rossellini), eu clamo. Deus, Deus, misericordioso Deus! Deus que eu tanto amo, que me faz amar e que eu quero que venha, como professam a escritora Clarice Lispector e uma versão musical do grupo Barão Vermelho... “Eu só quero que o Deus venha!”...

Segundo a tradição católica, hoje é o Domingo de Ramos, o domingo anterior à ressurreição de Jesus Cristo, que celebra o dia em que ele foi recebido por festa pelos mesmos representantes populares que o assassinaram... Samambaias e palmeiras costumam ser desfolhadas neste dia para comemorarem a vindoura Paixão de Cristo, paixão aqui levada ao extremo, em que a própria vida é entregue aos céus, num cálice amargo que, por um lapso, foi pedido para que fosse afastado daquele que consentiu em se sacrificar pelo amor e salvação dos homens...

Não sou necessariamente o que se pode chamar de cristão, quem me conhece sabe bem disso, mas sou teísta e algo nesta ode ao amor desmedido que está inegavelmente atrelado ao mito da existência do “filho de Deus feito homem” me faz tremer por dentro: eu amo, Jesus amou (e segue amando, pois ressuscitou!), Deus ama... E, mesmo que eu não saiba o que meu interlocutor quis dizer quando revelou-me que agora está voltando-se para Deus, eu volto-me para Ele também, hoje, sempre e sempre!

Wesley PC>