
Se existe algo que eu faço bem (talvez porque naturalmente) é evitar a rendição comemorativa a datas que eu não conheço a origem. Segundo a mídia dominante, hoje, segundo domingo do mês de Maio, é Dia das Mães, mas, como eu não sei o porquê, ignoro a data. Para mim e para minha mãe Rosane, Dia das Mães são todos os dias + 1! Como a programação de TV, ao contrário dela e de mim, sucumbe à rendição que evito, calho de me ver enredado em sessões fílmicas que vão ao encontro justamente da comemoração midiaticamente planejada. Assim sendo, na tarde de hoje, vi e me emocionei com a história de uma mãe solteira que resolve viajar para o Irã e encontrar outras mães com filhos na mesma idade que o seu, a fim de que, assim, os garotos possam se conhecer antes de se reencontrarem num contexto de guerra e ódio, mais tarde. Glupt!
A diretora, protagonista e roteirista do filme em pauta chama-se Justine Shapiro e, em 2001, co-dirigiu, ao lado de Carlos Bolado e B. Z. Goldberg, um filme semelhante em proposta, chamado “Promessas de um Novo Mundo”, em que várias crianças judias e palestinas são postas lado a lado, a fim de analisarem o ódio tradicional que sentem umas pelas outras, mesmo que não se conheçam. Em “Nosso Verão em Teerã” (2009), a proposta é ainda mais subjetiva: o próprio filho dela (com 5 anos de idade, se não me engane) interagiria com os filhos de três famílias iranianas, uma comandada por uma atriz divorciada, uma segunda por um militar conservador, e a terceira por pai e mãe soterrados de trabalho. Os resultados são impressionantes!
Não cabe a mim, aqui, descrever minuciosamente o que a Justine Shapiro encontra e mostra em seu corajoso filme, mas algo me incomodava quando o vi sendo anunciado num canal de TV fechada: segundo as propagandas, a diretora estava surpresa por ter encontrado no Irã um contexto de acolhimento familiar mui diverso daquele alarmado pela mídia dominante. Como não vi o filme anterior da protagonista, que parece ser, de fato, emocionante, cri que a perspectiva ideológica dela fosse canhestra. Por outro lado, a beleza das imagens exibidas no mesmo comercial de TV (vide a principal cena de divulgação, acostada a esta postagem) me parecia deveras convidativa, a ponto de eu intuir que amaria o filme. Dito e feito: não somente é ótimo, como as questões combativa e/ou interrogativamente ideológicas são muito bem mescladas ao roteiro extremamente pessoal composto e posteriormente vivenciado pela diretora. Gostei muito do que vi e, como tal, recomendo-o. Pena que minha mãe adormeceu na sala quando o filme estava sendo exibido e não pôde me acompanhar na sessão (com os olhos abertos, pelo menos). Mas
ela estava lá, ela me pôs no mundo e, com certeza, ela entende bem o que estou a sentir agora!
Wesley PC>