sábado, 21 de maio de 2011

KLEBER MENDONÇA FILHO É FÃ DE GUY DEBORD?

Este foi o primeiro pensamento interrogativo que passou diante de minha cabeça enquanto assistia ao ótimo documentário do crítico pernambucano Kleber Mendonça Filho batizado justamente de “Crítico” (2008). Acabo de ver o referido filme e tal pensamento me foi evocado por causa das imagens publicitárias (ou contra-publicitárias) que permeiam as diversas entrevistas que compõem os 80 minutos de filme, imagens estas que me lembraram bastante o ritmo propositalmente monocórdio dos clássicos anti-espetaculosos do militante francês. Apesar de eu ter achado o filme ótimo, entretanto, deveria tê-lo visto com uma caderneta nas mãos, tamanha a relevância dos depoimentos ali elencados...

Se, por um lado, era óbvio que alguns lugares-comuns se amontoassem – como, por exemplo, o constrangedor depoimento de Luiz Carlos Lacerda contra os jornalistas que desgostaram de um de seus trabalhos e, como tal, foram tachados de “pretensos cineastas frustrados” – pude ter acesso, no filme, aos rostos e vozes de jornalistas que admiro há tempos. Pude, portanto, conhecer o corpo que ampara a sisudez justificada de Ruy Gardnier, perceber o quanto Jaime Biaggio é bonito, constatar mais uma vez o quanto Eduardo Valente é coerente em seus artigos levemente polemistas, o quanto Pedro Butcher é inteligente e o quão pouco a boa crítica brasileira deve aos incensados jornalistas estrangeiros. Não há nada que algum crítico francês mui consagrado tenha falado ali que não tenha sido justamente complementado, rebatido ou contrabalançado por algum profissional do País em que nasci: não somente isto me enche de orgulho nacionalista benfazejo como permite que eu sonhe que é possível que, um dia, eu venha a merecer ser também profissionalmente chamado pelo adjetivo empregatício que intitula este filme...

Dentre os diretores entrevistados, além de algumas óbvias confirmações (exemplos: que Catherine Hardwicke é idiota, que Elia Suleiman é inteligentíssimo, que Sérgio Bianchi é presunçoso ou que Cláudio Assis xinga pra caralho), fiquei impressionado com a sensatez do diretor Tom Tykwer acerca da complicada relação entre crítica de cinema e amizade. Gostei muito de todos os momentos em que ele aparece analisando como se relaciona com os exegetas de seu trabalho, da mesma forma em que ri do momento em que Peter Farrelly imita um crítico predeterminado a desgostar de uma comédia, em que senti o que chamam de “vergonha alheia” quando, numa entrevista coletiva, mais uma vez confundem Samuel L. Jackson com Laurence Fishburn, e em que me emocionei pessoalmente quando a atriz Fernanda Torres cita um conhecido aforismo de Oscar Wilde: “toda crítica é um autobiografia”. Para mim, que associo a maioria dos filmes que gosto ou desgosto à “história de minha vida”, esta frase faz mais do que sentido (risos)...

No que tange a um julgamento minuciosamente qualitativo do filme enquanto filme, é complicado fazê-lo de uma só vez, visto que, como já afirmei, é necessário anotar muitos detalhes dos depoimentos, que são a principal matéria-prima deste documentário realizado como projeto mui pessoal do diretor, que, como todos sabem, também é crítico, muito bom, aliás! Ainda assim, ouso comentar que a edição de Emilie Lesclaux e do próprio diretor é muito bem-feita, bem como a trilha sonora incidental do DJ Dolores. Não obstante parecer cansativo ou limitado nalguns momentos (friso o verbo parecer), “Crítico” tornou-se um elementar “filme de cabeceira” para mim, daqueles que motivam-nos a seguir em frente em algo que se acredita, no íntimo, desde a infância. Se eu encontrar o DVD sendo vendido em algum lugar, não somente o comprarei como o transformarei em projeto de monografia. Muito, muito bom!

Observação: quem me conhece intimamente, deve estar aguardando que eu cite aqui o meu aforismo bazaniano favorito [“A função do crítico não é trazer numa bandeja de prata uma verdade que não existe, mas prolongar o máximo possível, na inteligência e na sensibilidade dos que o lêem, o impacto da obra de arte” – emulado aqui], mas, ao invés disso, prefiro recorrer ao próprio filme e recontar a brilhante anedota que lhe serve de epígrafe, sobre um crítico de cinema que pergunta ao diretor Jean-Luc Godard se, por estar gostando cada vez mais de seus filmes, seria ele ou o diretor que estaria evoluindo. A resposta do gênio-mor da ‘Nouvelle Vague’ não poderia ser menos genial: “é claro que é você!”. Eis, definitivamente, o que eu chamo de motivação!

Wesley PC>

CORREÇÃO URGENTE: EU NUNCA VI “SHAVED SINNERS 1” (1987), MAS POSSO EXPLICAR O TÍTULO ANTERIOR, AGORA POSSO!


Quando eu redigi a postagem anterior, o filme que estava em minha cabeça prenhe de nostalgia era “Um Prazer Cortante” (1986, de Ron Jeremy). O filme citado desse tal de Steve Rosenberg nunca foi visto por mim, nunca! Ousaria dizer que não faço muita questão, mas quem sabe eu não me surpreenderia se ainda fosse criança? Tenho certeza de que não, mas insisto no engodo: ontem eu depilei a minha virilha!

Apesar de ser um defensor ferrenho dos pêlos púbicos, quis dar uma chance aos detratores hodiernos dos mesmos e visualizei meu pênis peladinho: olhando somente para esta parte de meu corpo, é como se eu tivesse 40 anos de idade. Se serve de consolo, o órgão genital em pauta parece maior sem a concorrência pilosa de outrora (risos). E está tão suave... Pena que minha câmera fotográfica esteja sem funcionar e eu não tenha como mostrar o estado atual de minha genitália, mas creio que a imagem antiga que escolhi seja mui efetiva em minha defesa expressiva da peruca pubiana: como eu e meus amigos nos divertimos neste dia!

Sobre o título da postagem anterior: estive conversando com dois colegas de classe sobre o assunto, recentemente, e um deles me confessou que, quando trabalhava como caixeiro-viajante, passava vários dias sem de depilar. Num determinado dia, enquanto tomava banho, seus irmãos perceberam a enorme penugem em sua virilha e apelidaram-no de “Papai Noel”. Eu aproveitei e perguntei: “seus pêlos eram brancos? Se não, o apelido mais adequado deveria ser ‘Lula’!”. Todos gargalhamos neste momento. Assim sendo, dedico esta postagem a eles: Deivson e José Valdí, esta confissão é para vocês!

Wesley PC>

sexta-feira, 20 de maio de 2011

"NEM PAPAI NOEL, NEM LULA" – SEM EXPLICAÇÃO DO TÍTULO, POR ENQUANTO!


Um dos filmes pornográficos que mais me chamaram a atenção na infância foi “Shaved Sinners 1” (1987, de Steve Rosenberg). Não é sequer um filme lançado em cinema – muito menos, um filme de boa qualidade, mas me deixou impressionado, quando da leitura de sua sinopse, por causa da trama envolvendo pessoas que raspam os pêlos púbicos como ritual erótico e de reconhecimento mútuo. Por uma agradável coincidência, o namorado de uma vizinha, à época, tinha o VHS com o filme em pauta. Assisti ao tal filme, mas o achei muito desagradável, inclusive no que diz respeito à prática, insólita no período, de raspar a penugem púbica. Hoje é normal, hoje é moda, hoje higienicamente recomendado, hoje eu quase sinto atração sexual por um rapaz com as axilas rapadas...

Pesquisando sobre o filme em pauta, não consegui encontrar na Internet sequer uma imagem de “Um Prazer Erótico”. Informações em português sobre o diretor ou sobre o elenco, nem pensar. Tentar baixar o filme, então, deve ser uma tarefa inglória, mas, em compensação, concordo com o argumento de os nadadores olímpicos ficam mais bonitos pelados, nos dois sentidos do termo (risos). Depois eu explico o título da postagem...

Wesley PC>

“O LEITOR”, PINTURA CUJO ANO DE REALIZAÇÃO EU NÃO SEI, MAS QUE ME AJUDOU NA FIXAÇÃO DE ALGUNS CONHECIMENTOS HISTÓRICO-JORNALÍSTICOS NA MANHÃ DE HOJE..

Pressuponho que esta pintura date de 1789, quando a artista Marguerite Gèrard passou a trabalhar no ateliê de seu cunhado Jean-Honoré Fragonard, mas não tenho certeza da data. Pude descobri-la num livro de Asa Briggs & Peter Burke chamado “Uma História Social da Mídia: de Gutenberg à Internet” (2004), cujo primeiro capítulo tive que ler mui cuidadosamente, com vistas a uma prova a que fui submetido na manhã de hoje. Estava tão tenso antes do início da prova, inclusive, que, agora, temo não ter me saído tão bem na mesma quanto eu desejaria, mas estou pessoalmente agradecido ao professor por me ter apresentado a esta pintura. Tantas e tantas interpretações e possibilidades podem me ser apresentadas a partir dela... Poderia aproveitar a deixa e realizar um encômio a um leitor que me agrada mui pessoalmente, poderia destacar a argúcia dos pintores no que tange ao contexto sócio-histórico da tela, poderia contemplar a beleza da imagem por horas a fio, poderia... Mas, deixa quieto: fica tudo na potência, pois, para quem acredita no poderio da Crítica, em si, isto já é atividade!

Wesley PC>

quinta-feira, 19 de maio de 2011

“TAKE IT EASY”, NA VOZ DE MALLU MAGALHÃES, DÁ ATÉ VONTADE DE DANÇAR...

O primeiro disco que a adolescente Maria Luíza de Arruda Botelho Pereira de Magalhães, famosa como a “namorada de Marcelo Camelo”, chama-se “Mallu Magalhães” e data de 2008. Tenho-o gravado em CD, mas escutei-o poucas vezes. Gosto de uma ou duas canções (sendo a faixa 04, “O Preço da Flor”, a minha preferida do álbum), mas acho o disco como um todo muito chato: a anglofilia forçosamente ‘folk’ da cantora não me convenceu...

Em 2009, a cantora lançou um segundo disco, também chamado de “Mallu Magalhães” e, por uma espécie de desencargo de consciência, resolvi baixá-lo na semana passada. Este ouvindo-o, na manhã de hoje, e achei bastante graciosa a abertura agitada ao som de “My Home is My Man”. Apressei-me em dizer que, aos 17 anos de idade, a cantora evoluiu em relação ao álbum anterior. Li algumas resenhas do álbum e percebi que muitos concordaram comigo, inclusive no acento demasiado anglofílico de algumas das canções cantadas em português. Minha mãe levou um tempo, por exemplo, para perceber que “Nem Fé, Nem Santo”, faixa 02 do referido álbum, é cantada em português (risos). Reouvindo o álbum, entretanto, mantenho a minha empolgação inicial: é muito melhor que o primeiro! Tanto é que a faixa 05, “Make it Easy”, não me sai da cabeça. Fui flagrado até dançando-a, na sala de aula...


“It shouldn't be that hard
No mama
We accept each other
Then make it easy

Love is no problem
No, mama
We love each other
Then make it easy

Life is good
Life's so fine
Then, mama
Let's smile to life
and make it easy”


Intuindo que esta composição é da própria Mallu Magalhães, não é difícil imaginar o que ela estaria querendo dizer com a canção. Logo, foi-me ainda menos difícil identificar-me com o embalo lírico da mesma. Uma fofura de canção, recomendo!

Wesley PC>

ACHO QUE REVEREI UM CLÁSSICO DO JORIS IVENS ANTES DE IR PARA O TRABALHO... AFINAL DE CONTAS, SE NÃO CHOVER POR FORA, POR DENTRO, CHOVE – E MUITO!


... E, enquanto eu enfiava minhas narinas naquele corpo masculino, tão idiotizo e desdenhoso quanto sutilmente escultural, eu lembrava que o dono daqueles braços raspava por completo os fâneros de seu sovaco. Um pequeno bloqueio erotógeno poderia se instalar num momento como este, se não fosse a violenta descarga de feromônio que já havia sido despejada: “caralho, que rapaz gostoso!”, era só o que eu conseguia pensar...

Ao chegar em casa, minha mãe constatara que eu me sentia cansado. Meu irmão precisava de minha ajuda num trabalho de computador e eu adormeci voluntariamente, por volta das 23h30’, logo após ter cochilado na surpreendente cena final de um filme com menos de 70 minutos de duração. E, quando eu durmo demais, eu sinto dor nas articulações, eu fico incomodado o restante do dia: tenho prova amanhã, tenho que revisar os assuntos, tenho que manter meu cérebro arejado. Estou com fome, aliás. Minha mãe perguntou se pode pôr algo num prato, para que eu possa comer. Eu consenti e agradeci, logicamente. Acho que reverei “A Chuva” (1929, de Joris Ivens), antes de ir para o trabalho. Afinal de contas, parece que vai chover, o filme é tão lindo, eu preciso de beleza e “chover”, segundo meu amigo Max Vieira, é uma metáfora para masturbação: que venha!

Quem quiser assistir à obra-prima citada, ei-la aqui. Quem quiser masturbar-se ao meu lado, é só me telefonar. Estou esperando!

Wesley PC>

quarta-feira, 18 de maio de 2011

“SORRY, I’M A LADY”!

No domingo, assisti a um filme italiano sobre um jovem homossexual que tem receio de se confessar ‘gay’ à sua família burguesa depois que seu irmão mais velho faz algo parecido e é rechaçado pelo pai. Há pouco, vi um filme português em que um travesti tenta se suicidar depois que seu namorado se mata e, ao sobreviver, descobre que possui um simpaticíssimo sobrinho portador de síndrome de Down. Entre um e outro evento fílmico, uma colega de classe confessou-me que tenciona escrever um perfil jornalístico sobre mim, como parte de uma atividade valendo nota numa disciplina. Aí eu pergunto: o que eu teria a contar para o mundo, enquanto personagem? O quê? Ao invés de ficar subestimando o meu próprio potencial enquanto chamariz personalístico, assumo aqui que estou livre para responder ao que quer que ela me pergunte... Pode ir em frente, Vanessa: enfrente o personagem!

Voltando a um tema sub-reptício comum a ambos os filmes citados no parágrafo anterior, temo aqui ser enquadrado numa categoria sexualista obviamente configurada. Antes de nos despedirmos, minha colega de classe perguntou se eu era religioso. Respondi que sim. Se ela me perguntar se sou virgem, direi que “sim” também? Quem sou eu? Qual seria meu “Rosebud”, palavra começada com R, que me leva a tantos outros R’s recorrentes em minha vida... R de Reinaldo, R de Rafael, R de Ramon, R de um monte de coisa! No primeiro filme, irritei-me deveras com os amigos afetados do protagonista, que, num momento-chave, dançam a canção-título desta postagem numa praia (vide foto). No segundo filme, emocionei-me com a dedicatória que o transformista faz a seu sobrinho, sentado orgulhoso na platéia. Entre um e outro, eu estou aqui!

O segundo dos filmes citados chama-se “A Outra Margem” (2007, de Luís Filipe Rocha) e, num momento anterior, fez um amigo chorar. O primeiro dos filmes chama-se “O Primeiro que Disse” (2010, de Ferzan Ozpetek) e, de uma forma diferente, fez outro amigo chorar. Entre um e outro filme, será que eu chorei também? Sei que eu sorri, sorri bastante. Tenho que ser forte. Forte tem um R bonito bem no meio...

Wesley PC>

terça-feira, 17 de maio de 2011

HIGIENE, COM A DE AMOR:


Segundo a Wikipédia, “semente é o óvulo maduro e já fecundado pelas plantas gimnospermas ou angiospermas” e é formada por tegumento (ou casca), embrião e endosperma. E, oficialmente, isto é o que eu tenho a dizer por ora. Entendes?

Wesley PC>

ATÉ EU ESTOU ESPANTADO EM ADMITIR ISTO, MAS, AO OUVIR ESTE DISCO HOJE, NÃO É QUE EU GOSTEI?!

Eu nunca fui fã do grupo Mamonas Assassinas, que, apesar de terem lançado um único disco oficial (em 1995), gozaram de um sucesso-relâmpago atroz, até que faleceram tragicamente, num acidente de avião, em 02 de março de 1996. No dia em que eles morreram, eu e meus vizinhos buscávamos água em baldes numa torneira transformada em bica pública, visto que faltara água havia mais de uma semana. Tudo bem que eu era mais um daqueles que achava o vocalista Dinho bonito, mas isto não era suficiente para que eu simpatizasse com o humor da banda, que me desagradava por ser chulo. Ontem eu ouvi por acidente um disco ao vivo da banda e, caramba, não é que eu gostei?!

Não é nenhuma novidade admitir de supetão que meu moralismo canhestro jamais me permitirá apreciar canções como “Não Peide Aqui, Baby”, “Sábado de Sol” ou “Sabão Crá-Crá”, mas “Uma Arlinda Mulher”, “1406”, “Cabeça de Bagre II”, “Lá Vem o Alemão”, “Bois Don’t Cry” e até mesmo a inusitadamente romântica “Pelados em Santos” são faixas muitíssimo interessantes, tanto no que diz respeito aos chistes inteligentes em meio à obviedade dalguns chistes do grupo quanto pelas pitorescas inserções e emulações de canções famosas de outros artistas, como as paródias de “Should I Stay or Should I Go” (do The Clash), da risada do desenho animado “Pica-Pau” ou da voz fanha do cearense Belchior. Não somente emiti diversos sorrisos amarelos enquanto ouvia o CD como fiquei impressionado com o brilhantismo sarcástico e passional dos versos abaixo:

“Soy un hombre conformado
Escuto a voz do coração
Sou um corno apaixonado
Sei que já fui chifrado
Mas o que vale é tesão...

E na cama quando inflama
Por outro nome me chama
Mas tem fácil explicação:
O meu nome é Dejair
Facinho de confundir
Com João do Caminhão!”


Putz! Então, só para que conste dos autos: hoje eu gosto dos Mamonas Assassinas. Quem diria?

Wesley PC>

SOBRE A LÓGICA DOS ERROS POLICIAIS PESSOAIS NUMA SÉRIE DE TV:

O canal fechado Eurochannel exibe, nas noites de quarta-feira o seriado policial dinamarquês “Anna Pihl”, cuja primeira temporada data de 2006. a personagem-título é uma mãe de família divorciada, que entra para a força policial de Copenhague e, como é bastante emotiva, costuma causar problemas maiores do que aqueles que tenciona resolver. No episódio que vi ontem, o quarto, ela simpatiza com uma cadela braba que aterrorizava os passageiros de um ônibus. Quando vê o animal de perto, percebe que ela tornou-se agressiva porque fora maltratada por seu dono marginalizado. A policial, então, prende o dono do animal por agressão, mas este logo é solto, por “falta de evidências”. A policial, por sua vez, é entrevistada por uma jornalista, que denuncia a organização policial para qual ela trabalha como ignorante acerca dos direitos animais. Numa das rondas pela cidade, entretanto, ao lado de um parceiro com alergia a pêlos caninos, Anna Pihl pede para que o motorista da viatura faça um pequeno desvio de percurso, a fim de entregar algo a seu filho pequeno. A cadela violenta se solta e ameaça ferir o filho de Anna Pihl. O parceiro dela prontamente atira no animal e este cai morto, diante de 35 crianças assustadas e simpatizantes de bichinhos. Anna Pihl agradece ao seu parceiro por ele ter salvado a vida de seu filho. E eu fiquei moralmente espantado diante do que vi: caramba, o que este episódio quis dizer?

Apesar de vários problemas de composição de personagens e de situações de risco policial, o seriado é bastante interessante, mas deixa entrever um ‘modus operandi’ narrativo que tem a ver com sociedades economicamente desenvolvidas, em que pequenos males são justificados em razão de um “bem maior”. O modo como a cadela foi assassinada e as conseqüências chocantes do ato (o policial cinófobo é jornalisticamente laureado como herói!) me deixaram negativamente perturbado diante do seriado, enquanto a trama tentava desviar a atenção para outros problemas menores, como a aversão de Anna e seu irmão à namorada de 27 anos de seu pai viúvo ou à incapacidade dela em assumir um romance com um colega policial. Pelo sim, pelo não, acho que voltarei a falar sobre este seriado aqui: gosto como o mesmo é conduzido, acho a protagonista Charlotte Munck mui charmosa e compactuo com a moral pretensamente crítica das historietas, que defende a tese de que países de primeiro mundo são aqueles em que as pessoas são juridicamente punidas quando deixam de amar alguém (risos). Em breve, eu falo sobre novos episódios...

Wesley PC>

HÁ QUEM PRECISE APENAS DE UM POUCO DE ESPERMA ALHEIO SOBRE OS LÁBIOS PARA SE SENTIR FELIZ...

Gastar uma pilha pequena para relógio, um envelope médio de preparado sólido artificial para refresco sabor guaraná e algumas horas de paciência para ter o prazer de ver o esperma de alguém que se quer bem escorrendo por seus lábios é algo que vale muito a pena, poderia dizer eu às vésperas de 1h da madrugada desta quinta-feira. Depois de uma manhã de agonia e de uma tarde de amargura, nada como uma noite de panacéia ejaculatória. Ufa! São nestas horas, inclusive, que eu quase entendo porque algumas pessoas dedicam a maior parte de suas vidas à busca fútil do sexo pelo sexo. Quase entendo, mas não justifico. Sexo é apenas parte do processo e, no meu caso mais recente, tanto a parte como o processo mais geral estão atrelados a um bem-estar físico, moral, intelectual e religioso muito bem-vindo. Já não era sem tempo (risos)... E agora é hora de comer a pizza brotinho que minha mãe preparou especialmente para mim: minha serotonina está a mil!

Wesley PC>

segunda-feira, 16 de maio de 2011

QUANDO EU PENSO QUE VOU ENJOAR DE “GLEE”, VEM UM EPISÓDIO LACRIMOSO E ME ARRASA NOVAMENTE!

Assumo de imediato a futilidade desta postagem: mais uma vez, é sobre “Glee”, um seriado adolescente norte-americano que possui a capacidade atroz de estabelecer empatia e identificação com a venalidade dos amores não-correspondidos. Num momento-chave do vigésimo episódio da segunda temporada, “Prom Queen”, eu me vi repetindo e repetindo uma mesma cena: a personagem Rachel (Lea Michele) interpretando, com todo o exagero que suas expressões faciais permitem, “Jar of Hearts”, canção ‘pop’ romântica de uma tal de Christina Perri que eu não conhecia, mas que logo se tornou uma de minhas favoritas no gênero: linda demais!

Não somente esta canção me agradou por seus chavões xaroposos como pelo brilhantismo masoquista de sua letra, cujo refrão eu transcrevo agora:

“Who do you think you are?
Runnin' 'round leaving scars
Collecting a jar of hearts
Tearing love apart
You're gonna catch a cold
From the ice inside your soul
So don't come back for me
Who do you think you are?”


Meu Deus, é tão óbvio! Mas... Por que ninguém escreveu isto antes: “tu vais pegar um resfriado por causa do gelo em sua alma”. Não somente fiquei encantado com o apelo dramático desta ameaça como, por uma (des)agradável coincidência, escutei esta canção pela primeira vez no mesmo dia em que fui incapaz de fazer com que um amigo de trabalho parasse de chorar, de tão triste que ele estava por causa de uma recente desilusão amorosa. O atendimento ao público já estava aberto e ele aos prantos, lamentando sua culpa: deu pena, me pus no lugar dele, devo saber como é...

Voltando ao supracitado episódio de “Glee”: é defeituoso, chavonado, possui uma série de incorreções enredísticas, mas, caramba, coroar um adolescente homossexual como “rainha do baile” e depois fazer com que ele dance o clássico “Dancing Queen”, do ABBA, ao lado de seu namorado, também adolescente, é algo que eu esperei muito para ver na TV!

Wesley PC>

domingo, 15 de maio de 2011

O QUE ORSON WELLES E WILLIAM VANCE QUISERAM ME DIZER COM ISTO?!

Acabo de ver “Os Corações da Idade” (1934) e, apesar de o filme ser creditado a Orson Welles como co-diretor, achei muito estranho imaginá-lo por detrás deste projeto. Não sei de quem é esse tal de William Vance, mas, oficialmente, é difícil entender o que quis dizer com este filme o genial diretor que interpreta a Morte no curta-metragem, então com 19 anos de idade. Orson Welles aderira ao Surrealismo antes de embarcar em seu grandioso “Cidadão Kane” (1941)? Isso ajuda a entender algo sobre os elementos barrocos que se instalariam altissonantemente nos filmes incompreendidos que levou a cabo em sua brilhante carreira? O que este filme isolado quis me dizer, além de me lembrar que, enquanto ainda aguardo que minhas três postagens excluídas do ‘blog’ sejam re-publicadas, talvez enfrente um brando bloqueio criativo de caráter obsessivo-compulsivo? Muitos sentimentos contraditórios se misturam em minha cabeça: será que há possibilidade de atenuar a angústia mais basilar de minha existência? Em outras palavras: se eu fosse feliz no amor para-carnal de cunho proto-namoratório, correria o risco de parecer menos inspirado ou inteligente? Vale a pena correr o risco? Algo acontece, queridos leitores, estejam cientes de que, enquanto escrevo estas linhas titubeantes e subliminares, algo acontece!

Wesley PC>

“EU TAMBÉM TENHO OS MEUS PROBLEMAS!”

Numa das cenas geniais da obra-prima de Woody Allen, “Noivo Neurótico, Noiva Nervosa” (1977), seu personagem discute com a namorada, na bilheteria de um cinema, pois o filme que eles desejavam ver já havia começado. Tratava-se de “Face a Face” (1976), filme do Ingmar Bergman que eu ainda não vi. A namorada tentava argumentar que eles perderam somente os créditos iniciais, em sueco, mas o personagem neurastênico de Woody Allen quedava-se irredutível: “ou eu vejo do começo ou eu não vejo o filme”. E eles terminaram revendo um documentário sobre o Holocausto judeu com quase 4 horas de duração...

Na noite de ontem, eu estava impaciente porque “Interiores” (1978), um dos poucos filmes de Woody Allen que eu ainda não vi, seria exibido na televisão. Minha mãe, entretanto, estava vendo outro filme noutro canal e eu teria que perder os 10 minutos iniciais. Talvez o diretor não me perdoasse por me submeter a ver o filme nestas condições, mas, não hesitei e... Quanta dor, meu Deus, quanta dor! Woody Allen fez a sua lição bergmaniana com muito cuidado e rigor!

O rigor, em verdade, soou deveras extremado, tanto que o filme parece mais gélido que o pretendido nalgumas seqüências, mas o modo como ele se encerra... Emula desde “Através de um Espelho” (1961) a “Gritos e Sussurros” (1972), passando por diversos outros clássicos do gênio sueco por quem o gênio nova-iorquino é tão obcecado. A trama do filme, aliás, não poderia ser mais cara a ambos: o pai de três irmãs bastante diferentes – tanto em personalidades quanto em talentos artísticos – resolve se separar da mãe, que padece de severas crises psiquiátricas. A aguardada conclusão do emaranhado de conflitos dolorosos familiares que se amontoam neste filme é um presente a quem é fã de qualquer um dos dois artistas. Eu me senti mais do que contemplado, tanto por dentro, quanto por fora!

Aliás, que título pertinente para um filme: “Interiores”. Tudo porque a mãe depressiva é obcecada por decorar ambientes... Numa das cenas mais belas do filme, ela é mostrada pacientemente vedando todas as janelas de sua cabeça com fita isolante preta, a fim de tentar se matar com vazamento de gás. Acaba a fita isolante preta e ela continua a vadeação das janelas com esparadrapo branco. Seria engraçado, se não fosse uma cena impregnada de dor até a medula: estou ainda impressionado com o que vi. Irregular, mas absolutamente recomendável!

Wesley PC>