sábado, 7 de janeiro de 2012

“OLHA O MENINO... OLHA O MENINO!”

O que começou como uma suspeita de humilhação desviada na manhã de hoje terminou como uma boa demonstração de reabilitação familiar. Explico: hoje é meu aniversário de 31 anos. Apesar de vários de meus amigos terem programado comemorações para hoje, meu irmão caçula carecia que eu o ajudasse numa proposta de compra de motocicleta. Como eu sou o único membro da família Castro cujo nome não está incluído negativamente no Serviço de Proteção ao Crédito, ele pediu que eu desse entrada na referida proposta, mas, por causa do baixo valor de meu contra-cheque (sou um assalariado mínimo), há a possibilidade de que o anseio dele seja rejeitado. Estou torcendo para que não aconteça isto, mas assustei-me deveras em, mais do que frustrá-lo, esse inconveniente salarial fizesse com que ele ficasse sobremaneira decepcionado comigo, achando-me desmerecedor de confiança nos parâmetros que envolvem a aquisição e posterior movimentação de capital. Pouco me importa este tipo de parâmetro, mas manter ativa a confiança de meu irmão mais novo é uma de minhas prioridades filantrópicas. Por sorte, ele não pareceu chateado comigo por tudo de humilhante que aconteceu na concessionária. Ele parabenizou-me de forma sinceramente amável, agiu como um verdadeiro irmão. E eu fiquei feliz, ainda que um tanto culpado por não poder ajudá-lo da forma que ele queria, mas agradecidíssimo pelo voto adicional de fraternidade. Somos irmãos! Ponto.

Depois que saímos da loja, onde fui tratado como “o menino” pelos vendedores desdenhosos de minha condição salarial, meu irmão ofereceu-me um pastel de queijo e um caldo de cana. Eu recusei, pois ainda não havia almoçado e temi que isso fizesse mal, mas ele comeu os tais petiscos. Viemos para casa num tai-lotação e, mal ele desceu do veículo, vomitou no banheiro de nossa residência. Fiquei preocupado com ele, mas era um mal-estar passageiro. Ele dormiu um pouco, foi para o trabalho e, há pouco, ligou para nossa casa, perguntando se eu tinha um cinto preto para anexar à sua farda de garçom. A vida empregatícia continua para ele e para mim, que, na semana que vem, terei meus turnos de folga suspensos por causa da excepcionalidade do período de matrícula. E agora eu tenho 31 anos, conforme demonstro nesta foto matinal. Que bom que ainda há quem me tache pejorativamente de “o menino”. Mal sabiam eles o quanto isto me encheu de orgulho...

A título de observação extraordinária, cabe acrescentar que, por ocasião dos fetiches tradicionais de meu aniversário, eu tencionava redigir aqui um texto melodramático, acompanhado por mais uma de minhas fotos de nudez. Conforme já devo ter explicado, neste ano de 2012, estou experimento um sentimento extremado de continuidade em relação a estas datas comemorativas que tanto me emocionam, por bem ou por mal. Assim sendo, a trivialidade benfazeja deste acontecimento excepcional envolvendo dois irmãos que possuem tantas diferenças essenciais entre si configurou-se no mais merecido presente. Obrigado, Deus, por me conceder isso que chamam de vida!

Wesley PC>

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