domingo, 1 de janeiro de 2012

“A ÚNICA COISA QUE ME ESPERA É O INESPERADO”...

Na tarde de ontem, uma amiga disse que eu fiquei parecendo o compositor Cazuza de óculos. Apesar de não concordar com esta comparação, fiquei lisonjeado com o que, obviamente, foi um elogio. Por causa de um desarranjo personalístico interno (leia-se: surto de tristeza inscrito na própria face), precisei mudar radicalmente o meu corte de cabelo, a fim de me sentir internamente apaziguado. Pedi para uma vizinha cortar bem baixinho, sem medo de ficar feio. Precisava mudar, precisava me sentir algo diferente – ao menos, por fora.

Depois de ter cortado o cabelo, lavei alguns pratos sujos sobre a pia e, ao analisar a programação de TV, percebi que seria exibido hoje “Um Casal do Barulho” (1941), filme atípico de Alfred Hitchcock, “o mestre do suspense”. Tratava-se de uma comédia conjugal, sobre um casal que, após três anos, descobre que seu matrimônio não é legalmente aceito, o que engendra questionamentos de interesse por parte da mulher e necessidade de reconquista por parte do homem. É um filme radicalmente distinto do que o diretor é acostumado a realizar, não obstante a lascívia gritante do roteiro ser condizente com a licenciosidade manifesta noutros de seus filmes. Ou seja: é o filme que defende o paradoxo da monogamia, visto que, apesar de ter sido casado até o fim da vida com a mesma mulher, Alfred Hitchcock estimulava uma sexualidade bastante liberal em seus filmes, sendo as (anti-)heroínas hitchcockianas aclamadas justamente por causa do fulgor erótico. Não deixava de ser um filme boníssimo e muito interessante, portanto.

Enquanto eu via o filme e superinterpretava algumas de suas situações cômicas a partir de uma comparação dramática com os meandros de minha própria vida recente, minha mãe passa pela sala e, ao saber que se tratava de um filme dirigido por Alfred Hitchcock, indagou-me se ele já havia aparecido em cena. Pouco tempo depois de ela ter feito esta pergunta, o fotograma acima mostrado aparece na TV, correspondendo justamente à passagem do diretor pela tela, quando a câmera realiza um ‘zoom’ muito suspeito após uma idéia empolgada do protagonista masculino do filme. Era a dica, era o inesperado que me esperava...

Wesley PC>

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