sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

AFETOS DE INFÂNCIA NAUFRAGAM?

Apesar de ser afeiçoado ao diretor Jean-Jacques Beineix desde a infância, o único contato que eu tive com sua obra foi o belo longa-metragem “Roselyne e os Leões” (1989). Faz tempo que eu tive acesso a este filme, mas, caso eu tenha a oportunidade de revê-lo hoje, pressuponho que constatarei que o filme é muito mais estiloso do que necessariamente bom, o que não é um problema no que tange à forte memória afetiva que eu tenho em relação ao filme. Pois bem, há algumas horas finalmente assisti ao longa-metragem de estréia do diretor, “Diva – Paixão Perigosa” (1981) e, apesar de me decepcionar com o ritmo lento anunciado por alguns detratores do artista, confesso-me renitentemente encantado com o seu frescor operístico. No sentido literal, inclusive.

Sendo mais específico: na trama do filme em pauta, um carteiro apaixonado por ópera dedica parte de seu tempo livre à gravação pirata dos concertos ministrados por uma cantora lírica que se recusa a gravar um disco oficial por acreditar que “a música deve ser livre e não aprisionada em um estúdio”. Por acidente, a fita cassete contendo o mais recente espetáculo da cantora é confundida com a fita cassete contendo o depoimento de uma prostituta que fora assassinada quando tentava provar que um dos comissários de polícia responsável por uma investigação de tráfico de drogas é, na verdade, adúltero e corrupto. Infelizmente, entretanto, os detalhes operísticos da trama sucumbem às inverossímeis tramóias policiais do enredo e a trilha sonora inebriante é secundarizada. Mas, ainda assim, o filme possui algo que encanta, que me faz ter certeza de que, se eu tivesse êxito em ver este filme quando era criança, lembraria dele com muito mais carinho hoje em dia...

Wesley PC>

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