sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

AS SUPERSTIÇÕES, AS FÓRMULAS PRONTAS, OS DIAS BRANDOS...

Na manhã de ontem, um dia típico de quinta-feira, fui para o trabalho ouvindo um disco da paulista Bruna Caram. Não é um disco de todo ruim, mas é envergado até o talo por estas fórmulas de MPB contemporânea, em que regravações brandas de sucessos alheios conquistam os ‘pimbas’ que se acham equivocadamente órfãos do bom samba. E, nesse viés, confesso que a faixa de abertura (uma simpática releitura de “Quem Sabe Isso Quer Dizer Amor”, do Lô Borges) é bastante graciosa, mas antecipa o tom monocórdio do álbum “Feriado Pessoal” (2009), que não possui clímaxes ou arroubos de conquista, apesar de a cantora chegar perto na canção que intitula o disco ou na faixa 09, “Um Momento”, ambas compostas por ela e muito adequadas à sua voz doce. Mas, de resto, o álbum é tão mediano ou tendente ao pré-fabricado quanto a versão da artista para “Gatas Extraordinárias”, do Caetano Veloso, cuja interpretação lenta está aquém dos lampejos de paixão que a falecida Cássia Eller depositou em sua versão da mesma canção. Mas nada que a coerência reclamante e apaixonada da faixa 10, “Alquimia”, quase não resolva. Não é um disco ruim, como eu disse antes, mas enfastia antes de chegar ao fim...

Por que eu estou falando desse disco? Porque, tal qual uma invocação, o meu “dia típico” de quinta-feira foi marcado pelo mesmo tom monocórdio que abunda no álbum: havia me programado para assistir a um filme erótico com alguns amigos, mas eles desmarcaram a sessão. Por conta disso, desperdicei a minha folga noturna sem perceber, tentando sincronizar as legendas de alguns filmes britânicos antigos que eu havia baixado. Conclusão: saí do trabalho muito tarde, não necessariamente satisfeito com meus êxitos tangentes às sincronias aventadas. Dormi sem receber ou fazer visitas. E, se me serve de consolo, acordei bastante cedo hoje!

Antes de chegar em casa, prestei atenção num bom momento do disco, a faixa 03, “Gargalhadas”, com a qual me identifiquei em seu apelo cotidiano em prol da beleza dos dias típicos . Canta o eu-lírico da Bruna Caram:

“Pra que buscar recaída,
Reviver o drama, mexer na ferida?
Por onde se engana o coração
Se encontra a saída pra vida

Tempo de ver que é maldade
Martelar as horas no chão da saudade
Embora agora contradição,
O tempo que pôs essa dor nessa conta
É quem desconta, passa e te aponta o ponto de
Sorrir mais, soltar gargalhadas
Deixar pra trás o que te entristece e tece teus ais...”


Para além de qualquer concordância com a letra da canção, acho de bom tom ouvi-la enquanto escrevia esse texto banal e tão desejoso de simplicidade ou tipicidade quanto a manhã de sexta-feira que agora se inicia...

Wesley PC>

Um comentário:

Jadson Teles disse...

http://hipocondriase.blogspot.com/2012/02/para-nao-dizer-que-meu-olhar-ficou.html

vou ouvi agora!!!