domingo, 19 de fevereiro de 2012

E, MAIS UMA VEZ, O GOYA PERSEGUE (E ESNOBA) PEDRO ALMODÓVAR!

No ano passado, eu tive a honra de assistir ao prêmio Goya, “O Oscar espanhol”, pela primeira vez. Na ocasião, o presidente da Academia Espanhola de Cinema era o controvertido Aléx de la Iglesia, que, em seus discursos diplomaticamente polêmicos, deixou entrever a insatisfação diante de algumas conjunturas políticas que explicam porque, entre outras coisas, os filmes do genial diretor Pedro Almodóvar são francamente subestimados pelo prêmio, não obstante serem francamente laureados ao redor do restante do mundo. Pois bem, quando eu descobri que, este ano, “A Pele que Habito” (2011) estava indicado a 16 prêmios, pensei que a injustiça seria corrigida. Puro engano: foi piorada!

Apesar de receber os merecidos prêmios de Melhor Trilha Sonora Original (para Alberto Iglesias), Melhor Atriz (Elena Anaya) e Melhor Ator Revelação (Jan Corbet), nos demais prêmios, o filme foi absurdamente ignorado. Desprezado mesmo. E o piro: todo mundo sabia u suspeitava disso. Tanto que a apresentadora da edição deste ano da cerimônia, a espirituosa Eva Hache, deixou escapar diversos chistes relacionados aos maus tratos acadêmicos contra Pedro Almodóvar e, por extensão, contra Antonio Banderas. Alguém até comentou: “como é que o embaixador hollywoodiano do cinema espanhol tem uma mansão em Los Angeles, é casado com a estonteante Melanie Griffith, e nunca ganhou um prêmio Goya?”. Todo mundo parecia saber a resposta por ali, mas preferiram se calar...


Quem recebeu os prêmios de Melhor Filme, Melhor Diretor (para Enrique Urbizu) e Melhor Diretor (José Coronado) foi a trama policial “No Habrá paz Para Los Malvados” (2011), que, pelas imagens mostradas, parece um ‘thriller’ estadunidense apenas correto em seu realismo. Seja como for, recebeu também os prêmios de Melhor Roteiro Original, Melhor Som e Melhor Montagem. Em minha opinião intuitiva, o único filme que concorria esteticamente à altura de “A Pele que Habito” era o faroeste “Blackthorn” (2011, de Mateo Gil), afinal premiado em diversas categorias técnicas, protagonizado por Sam Shepard, Eduardo Noriega, Stephen Rea e Magaly Solier, cujo roteiro é focado na estadia boliviana do famoso bandido Butch Cassidy. O quarto filme indicado aos principais prêmios foi o drama de época “La Voz Dormida” (2011, de Benito Zambrano), vencedor dos prêmios de Melhor Canção Original (para “Nana de la Hierbabuena”), Melhor Atriz Revelação (María León) e Melhor Atriz Coadjuvante (Ana Wagener). Assim que o filme estiver disponível, farei questão de vê-lo. Não somente ele, aliás, visto que me encantei pela maioria dos indicados, destacando-se a animação “Arrugas” (2011, de Ignacio Ferreras, que recebeu os prêmios de Melhor Animação e Melhor Roteiro Original) e a ficção científica “Eva” (2011, de Kike Maíllo), que recebeu os prêmios de Melhor Novo Diretor, Melhor Ator Coadjuvante (Lluís Homar) e Melhores Efeitos Visuais.

Seja como for, para além das justiças e injustiças da premiação, o que mais saltou aos olhos e ouvidos na cerimônia deste ano foram a homenagem ao conjunto da obra da cineasta Josefina Molina (mostrada em foto, abaixo) e a traiçoeira acolhida ao fabuloso diretor que completará 63 anos em setembro. Ele pode não ter recebido o prêmio que merecia, mas tenho certeza de que ele sabe que não apenas eu considero “A Pele que Habito” uma das cinco melhores produções mundiais produzidas no ano passado. Porque é – e ponto!

Wesley PC>

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