sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

“EU QUERO QUE VOCÊ SAIBA QUE EU SEI QUE TU SABES QUE EU ESTIVE NUM HOSPITAL. MAS NÃO É ISSO QUE ME DEFINE”...

Acabo de ver “O Solteirão” (2010), até então, o filme mais recente do diretor Noah Baumbach. Ao contrário dos dois ótimos filmes anteriores do diretor [“A Lula e a Baleia” (2005) e “Margot e o Casamento” (2007)], não gostei muito desse filme. Ele me deixou enfadado. Mas, justamente por isso, sinto-me na obrigação de elogiá-lo: é impressionante o quanto este diretor-roteirista é coerente em seus retratos de neuróticos de meia-idade. No filme, Ben Stiller é um carpinteiro solitário e dependente que, depois de ter sido internado numa clínica de repouso por causa de um surto psicológico que fez com que ele não conseguisse movimentar os membros inferiores, resolve passar um tempo na casa de seu irmão, que viaja com a família rica para o Vietnã. Inadaptado ao local onde passara a juventude e depois de tentar remediar os erros do passado com pessoas que sequer recordam de si, ele acaba se envolvendo sexualmente com a assistente (um misto de babá e secretária) de seu irmão, interpretada por uma melancólica Greta Gerwig. Ambos recusam-se veementemente a admitir que possam vir a se apaixonar um pelo outro. Ele tem surtos cada vez mais violentos de raiva sem sentido. Ela está grávida, tenciona fazer um aborto, mas tem muito medo de sentir dor. Um cachorro com uma doença auto-imune contribuirá para que os vínculos forçados entre eles sejam reiterados. E é como eles se amassem, mas não admitissem, até o final do filme. Não é um filme muito bom, como o diretor me deixou acostumado, mas é autoral, sofrido, denso, verborrágico, doloroso em seu erotismo gritante e amadurecido (à beira da impotência). Me identifiquei. Gostei? Não sei se veria de novo, mas tem algo ali que fará com que eu me sinta bastante intranqüilo antes de dormir. E isso é bom. É importante. Me faz sentir humano. Deve ser saudades dos amigos que eu não tenho mais tempo de ver todo dia por causa do trabalho. O meu trabalho e o trabalho deles. E não sei até onde isso define qualquer um de nós...

Wesley PC>

Um comentário:

Jadson Teles disse...

Quero muito ver o filme, acho que me identificarei muitooooo!