quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

“OUTONO... TRISTEZA... AMOR DEFUNTO: ESTES SÃO OS TEMAS DESTA VELHA CANÇÃO RUSSA”

Sim, são. E sim, é um filme lindo. Mas, ao mesmo tempo, não sei direito como situar “Romance Sentimental” (1930) como obra eisensteiniana. A co-direção de Grigori Alexsandrov não é um problema taxonômico, visto que ele já havia colaborado organicamente em “O Encouraçado Potemkin” (1925) e parece ter feito a mesma coisa aqui. Mas é um filme bonito. Lindo demais até. Lindo e não-reivindicativo, ao contrário do que foi toda a obra deste gênio soviético, pelo menos no que tange à sua predominância subjetiva, mui destoante do vigor comunitário e socialista que abunda nas obras anteriores e posteriores a este encantador curta-metragem. Devo desgostar dele, portanto? Dizer que não entendi o que os diretores quiseram dizer com ele? Muito me tranqüiliza saber que é um filme de encomenda, realizado para agradar um monarca enfeitiçado com os dotes operísticos de sua amante Mara Griy, de modo que o diretor letão sentia vergonha de ostentar seu nome nos créditos. Mas ele precisava de financiamento monetário para seus projetos pessoais (inclusive a nunca efetivada feitura fílmica do livro canônico de Karl Marx, “O Capital”), de modo que, por causa disso, ele se deixou capitular com a beleza. Mas a que preço! E, pouco antes de ver o filme, alguém me telefonou para dizer que há um novo estagiário no local em que trabalho e que o mesmo é um “piteuzinho”. Ansioso para conhecê-lo, portanto!

Wesley PC>

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