segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

PARA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI (MAIS) DO OSCAR...

Quando eu e meus amigos de infância passamos a acompanhar a cerimônia do Oscar com regularidade, costumavam ser cinco os indicados a Melhor Filme. Recentemente, a Academia responsável pelo prêmio resolveu restabelecer a cota de 10 indicados, tal qual acontecia nas décadas áureas do cinema hollywoodiano. Este ano, a safra qualitativamente titubeante de filmes fez com que os responsáveis pelas indicações encontrassem apenas nove títulos elegíveis em 2012. Dentre estes, apenas cinco foram indicados a Melhor Direção, como ainda costuma ser praxe. E, dentre os cinco diretores indicados, calhou de ser premiado justamente o menos talentoso dos cinco: Michel Hazanavicius, pelo filme oportunista “O Artista” (2011). Mas vamos por parte:

Este prêmio de Melhor Direção foi um dos mais indignantes da noite, mas não o único. O Oscar de Melhor Atriz concedido a Meryl Streep pela xaroposa cinebiografia “A Dama de Ferro” (2011, de Phyllida Lloyd), quando as maravilhosas Viola Davis e Glenn Close concorriam por atuações absolutamente brilhantes e difíceis, foi um dos prêmios que mais frustraram as nossas expectativas em relação à justiça da festa. Mas, deixa quieto: divertimo-nos deveras ao longo daquelas mais de três horas de cerimônia. Além de “O Artista” – que não é um filme ruim, mas oportunista e ideotecnologicamente vendido – os principais filmes da noite eram: o inspiradíssimo “Meia-Noite em Paris” (2011, de Woody Allen); o encantador e surpreendente “A Invenção de Hugo Cabret” (2011, de Martin Scorsese), pelo qual estava torcendo; o ótimo “Os Descendentes” (2011, de Alexander Payne); e o extraordinário, soberbo e incompreendido “A Árvore da Vida” (2011, de Terence Malick). Ao invés de fiarem-se aos critérios essencialmente qualitativos dos filmes e das categorias em que eles concorriam, os membros da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas preferiram se render aos lados mais óbvios das polarizações de interesses a que foram submetidos. Por isso, a premiação de ontem foi tão decepcionante, o que só se torna mais grave com a safra chinfrim de filmes selecionados para o prêmio. Ossos do ofício: eu e meus amigos confundimos exaltação ideologia com memória afetiva. Independente dos resultados, esta confusão voluntária garantiu não apenas uma noite muito divertida como diversas demonstrações de afeto reiterado entre nós, que estávamos juntos, acima de tudo, juntos!

Wesley PC>

Um comentário:

Jadson Teles disse...

JUNTOS. Lindamente Juntos!