domingo, 25 de março de 2012

“AS PESSOAS COSTUMAM ME DIZER QUE SOU UM CARA LEGAL. AFINAL, DEPOIS DE SER REJEITADO TANTAS VEZES, EU ME TRANSFORMEI NUM ESPECIALISTA EM MÁGOA”...

São pouco mais de 6h da manhã. Dormi após as 2h30’ da madrugada, mas planejava acordar exatamente por esse horário. Não do jeito sobressaltado como atravessei, mas exatamente nesse horário...

Pois bem: às 5h50’, meu telefone tocou. Inconscientemente, eu e minha mãe, ambos ainda sonolentos, sabíamos que era para mim. Dito e feito: era uma grande amiga que já tivera problemas com cocaína e que, no momento em pauta, talvez estivesse enfrentando justamente uma crise relacionada ao consumo (ou à falta de consumo) desta droga. Perguntou-me sobre o sentido da vida e se eu acreditava nas definições aplicadas de Humanismo. Eu disse-lhe que, nos últimos dias, minhas crenças estavam sobremaneira permeadas de academicismo, mas que talvez eu ainda acreditasse no humanismo sim. Não creio mais na crença sobre a crença, apenas. Não sei se ela entendeu o que eu quis dizer, mas me agradeceu por isso. E eu sorri.

Toda essa situação inusitada, apesar de recorrente, pôs em prática as duas referências teóricas que me perseguiam desde a noite de ontem: as conclusões pessimistas do protagonista do filme “Marty” (1955, de Delbert Mann) sobre o mundo de conjunções sexuais ao seu redor; e a tese de Sigmund Freud sobre os juízos de valor dos homens enquanto “diretamente relacionados aos seus desejos de felicidade e, por conseguinte, às tentativas de apoiar com argumentos as suas ilusões”, conforme lemos no capítulo final de “O Mal-Estar na Civilização” (1930), sem dúvida, um dos melhores livros que já li em toda a minha vida. Apesar de discretamente, muita coisa bombástica me aconteceu de ontem para hoje.

Para começar um novo estudo de causa, acrescento que assisti ao filme em questão deitado na cama de uma mulher recém-divorciada, ao lado dela e de mais dois homens apaixonados por ela, enquanto um terceiro homem, seu namorado, enviava-me mensagens de celular chorosas justamente por causa da situação desconfortável para ele. Mais: ele só não terminou imediatamente o relacionamento com ela porque eu estava lá e ele alegou confiar plenamente em mim, mas, daquela noite em diante, ele alegou que não seria mais o mesmo rapaz: hoje parece que ambos estão solteiros. Mais: enquanto tudo isso acontecia, eu me comunicava com um amigo de trabalho que enfrentava uma situação de esmigalhamento namoratório similar à que acontece no filme. Ele está ansioso para beijar a moça por quem se apaixonou – e que parece corresponder ao seu sentimento – mas que está cada vez mais retraída fisicamente em relação a ele, por mais que eu e ele saibamos que ela é acostumada a fazer sexo. E, quando sua mãe lhe pergunta por que, aos 34 anos de idade, ele ainda não se casou, o gordinho Marty responde: “mais cedo ou mais tarde, chega uma época na vida de todo homem ele que ele precisa admitir os fatos: eu não tenho o que as mulheres querem!”. Temo a necessidade de me apropriar pessoalmente desta justificativa um tanto ressentida. Deus do céu, como eu amo esta vida sem sentido!

Wesley PC>

Um comentário:

Jadson Teles disse...

PRECISO REVER MARTY!.
J.