sábado, 3 de março de 2012

E DAÍ QUE O FILME NÃO TENHA SIDO MUSICADO PELO ANGELO BADALAMENTI?

Apesar de eu ter certeza que vi o fotograma acima na cópia do filme “Drive” (2011, de Nicolas Winding Refn) a que tive acesso na noite de ontem, consta dos autos que o compositor Cliff Martinez é o responsável oficial pela ótima trilha sonora do filme. Seja como for, é inegável que o clima sonoro que emana de cada filigrana da película é badalamentiano, tanto que achei o filme um verdadeiro petisco para quem é fã de David Lynch. Eu sou. Logo, gostei muito da direção, da montagem, do elenco e da primorosa seleção de canções.

Apesar de não ter gostado muito dos rumos tomados pelo roteiro da metade para o final, as propostas de composição personalística do filme são muito boas. A composição do protagonista, por exemplo, é excelente, impulsionando um cotejo quase imediato com o extraordinário “A Estrada Perdida” (1997, de David Lynch), visto que, em ambos os filmes, a profissão de mecânico está imbuída de um caráter erotógeno existencial. Apesar de ser inegável a eficiência roteirística do iraniano Hossein Amini, “Drive” possui diversas pontas soltas, que, ao mesmo tempo em que o dota de um charme de brechó, o conduz para um trajeto policialesco que quase ameaça secundarizar a pungente dramaticidade inerente ao envolvimento amoroso um tanto proibido entre os maravilhosos personagens de Ryan Gosling e Carey Mulligan. O que é engraçado é que eu já estava pensando em assistir a este filme ontem, depois de inúmeras recomendações de homens erotizados que me cercam, quando meu melhor amigo envia-me uma mensagem de celular lacônica, obrigando-me a vê-lo o quanto antes. Obedeci à tal mensagem e, definitivamente, não me arrependi, mas insisto que, para além de ter sido capciosamente induzido a crer que a trilha sonora foi composta por Angelo Badalamenti, todas as suas marcas registradas estão lá. Pelo sim, pelo não, fica o elogio premente ao filme: muito bom!

Wesley PC>

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