quinta-feira, 22 de março de 2012

“NOS DIAS DE HOJE, NÃO HÁ MAIS LUGAR PARA UM SEDUTOR!” (OU COMO FOI BOM VER A BUNDA DO PAULO JOSÉ, AOS 35 ANOS DE IDADE)

Hoje me prepararam uma festa de despedida no DAA. Por mais que uma de minhas amigas de ex-trabalho dissesse que era um dia de alegria, não houve como não chorar. Muitas lágrimas foram vertidas na celebração de uma maturidade profissional que atravessou dez anos de minha existência. Agradeci a Deus, com toda sinceridade do mundo, ter posto em minha vida pessoas tão maravilhosas e zelosas como aquelas. Mas o tempo é inclemente: ele urge, ele segue em frente. E, às 18h30’, eu queria estar em casa: o derradeiro longa-metragem ficional de Luís Sérgio Person, “Cassy Jones, o Magnífico Sedutor” (1972), seria exibido na TV. E eu queria muito vê-lo.

Logo na primeira seqüência, o frenesi de abertura, eu constatei que o filme teria alguns problemas de enredo. Apesar da magnífica e psicodélica montagem, a trama é atravessada por um surrealismo erótico tropical que nem sempre se sustenta. Por outro lado, Paulo José, jovem e constantemente nu em cena, se sustenta muito bem. Ele não apenas está ótimo como também demonstra muita consciência acerca do quão finita é a carreira de um sedutor nos dias de hoje, em que tudo é fútil, tudo é veloz, tudo é fugaz. E, a fim de facilitar a comparação moral com uma estória escrita pelo Lima Barreto, Cassy calha de se apaixonar por uma Clara. Não paixão de imediato, mas desejo de conquista. Aos poucos, ele percebe que o que sente por ela não “michou”, conforme alega depois da primeira transada. Ele a perseguirá, jurando que, se ela quiser que ele mude o seu comportamento, ele mudará. Por mais que, em cumplicidade com o público, enquanto a beija, ele tenta alisar as pernas da mulher sentada atrás deles. Mas quem recebe a carícia é um padre enfezado. E nós, por extensão, que vemos a bunda branca de Paulo José desfilar pela tela do começo ao fim do filme, que não é tão bom, mas é muito divertido e sintomático de uma geração em extinção. E isso conta muito, meus caros!

Wesley PC>

2 comentários:

Jadson Teles disse...

Despedidas são docilmente cruéis, vixe! e quanto ao filme sinto-me culpado não ver essas coisas e são difíceis de achar, mas prometo sanar em breve! xerinho.
J.

Gomorra disse...

Vou te arranjar de presente, meu bem, relaxe! É um dos filmes que estudarei no Mestrado... (WPC>)