sexta-feira, 2 de março de 2012

A PUDICÍCIA MAL-VINDA:

No último sábado de 2007, eu e meu amigo Jadson brigamos por causa de um filme. Ele não admitia que eu gostasse tanto de um filme que ele considerava medíocre. Por dentro, eu até sentia que o filme era, de fato, medíocre, mas algo nele me atraía pungentemente. Era um filme sobre adolescentes violentos. Era época de natal. Fui a uma boate ‘gay’ pela primeira vez nesta época. De lá para cá, nunca mais revi o filme, mas não por falta de vontade. Tratava-se de “Satã” (2006), dirigido pelo jovem cineasta francês metido a estiloso Kim Chapiron.

Alguns anos se passaram e, hoje, em 2012, tive a oportunidade de ver “O Canil” (2009), filme mais recente do diretor. No filme em pauta, realizado em inglês, três adolescentes confinados num reformatório enfrentam a dura e clicherosa realidade das instituições tacanhamente repressoras. Ao contrário do elã onírico do filme anterior, esta produção mais recente é quase acadêmica em sua estilização burocrática da violência. Não há surpresas no filme. Apenas enfado e ameaça da beleza que brota em meio ao lodo da sociedade pútrida. Seria um filme facilmente tachado de medíocre por meu amigo Jadson, mas, por mais que eu não o tenha apreciado, algo aqui me pareceu sumamente interessante. A minha idiotia hebefílica refletida, quiçá. Culpa minha, que ontem me deixei ser espelhado como conservador por um rapaz ostensivamente enrustido em sua sexualidade incandescente. O filme ameaça explodir, mas nunca explode. O desfecho é um anticlímax implosivo. Mas continuo gostando do diretor Kim Chapiron. Sou desses...

Wesley PC>

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