quarta-feira, 14 de março de 2012

SE A IMAGEM ACIMA TE CAUSA ENFADO POR SER APELATIVA, TU ÉS COMO EU: TE IRRITARÁS COM “SHAME” (2001, de Steve McQueen)!

Assim que entrei em contato com os fundamentos enredísticos e técnicos do filme “Shame” (2011, de Steve McQueen) – além de seu magnífico pôster húngaro, é claro! (vide comprovação aqui)– fui atingido por uma dupla impressão que parecia certeza: me identificaria deveras com a potência erotógeno-dramática do filme e me irritaria deveras com seu moralismo canhestro. Dito e feito!

O filme começa muito bem, a direção é ótima, o elenco é soberbo, o argumento me atinge em cheio, tinha tudo para dar certo! Mas, quando a trilha sonora de Harry Escott entra em cena, o filme desanda por completo. Não que a música seja ruim – muito pelo contrário, aliás! – mas ela julga os personagens, ela despeja lições de moral e comiseração sobre suas atitudes, fazendo com que sentimos pena por eles estarem vivos. Como pode?

Numa das cenas que mais poderiam ser interessantes, a irmã do protagonista (Carey Mulligan, linda) flagra-o se masturbando no banheiro, com a porta destrancada. Ele atira-se sobre ela, de toalha, xingando-a e expulsando-a de sua casa. Mais tarde, culpado, ele (Michael Fassbender, magnífico) joga fora todo o vasto material pornográfico que acumulava em sua residência e, enquanto assiste a um desenho animado na TV, ela se aproxima dele e lhe pede um abarco, pedindo desculpas em seguida. Ele brada: “tu só sabes pedir desculpas. Ao invés disso, aja. Ações valem mais do que palavras!”. Resta a ela pedir ainda mais desculpas... Me vi nesta cena, sim, eu me vi!

O péssimo roteiro de Abi Mogan [também responsável por “A Dama de Ferro” (2011, de Phyllida Law – sic), entretanto, não queria que eu me visse, apenas. Queria que eu me convertesse, me curasse, me sentisse culpado por ter ereções. O desfecho do filme é constrangedor de tão ridículo e impositivo. Muito pior do que eu temia e imaginava: o filme é quase ruim!

Obviamente, ainda é cedo para que eu julgue o filme. Preciso revê-lo, mais preparado para as decepções exageradas. Mais tarde, comento sobre ele com mais propriedade e menos raiva. Agora, estou muito irritado. Mas nada que lembrar da magnífica seqüência triste em que Carey Mulligan cantarola “New York, New York” numa versão dilaceradoramente lenta não resolva...

Wesley PC>

2 comentários:

Jadson Teles disse...

quero ver mesmo assim!

Pseudokane3 disse...

E eu quero e preciso que tu vejas mesmo assim, o quanto antes!

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