sábado, 17 de março de 2012

SOBRE O QUE EU IA DIZER, NEM PRECISA MAIS?

Tinha me programado para explicar aqui alguns temores e tensões que me tomam de assalto neste fim de semana: na segunda-feira, terei a minha primeira reunião oficial de orientação no mestrado e terei que abandonar o lugar em que trabalhei por 10 anos. Estou amadurecendo, num plano mais geral, e este tipo de “dor de parto” é indispensável ao processo. Estou lidando bem como os fatos, penso, acostumando-me ainda. E, por precaução, urge que eu seja cauteloso na explanação de alguns dilemas hodiernos...

Seja como for, paralelamente a tais problemas e decisões, me dispus a ver um filme sobre o qual nada havia ouvido falar: “A Good Old Fashioned Orgy” (2011, de Alex Gregory & Peter Huyck). Não é um bom filme. É ruim, ruim mesmo! Deveria ser uma comédia, mas é desengonçado, sem graça, demorado demais. Os 95 minutos de projeção se estendem incômoda e insossamente, no intuito pouco inspirado de nos manter empolgados diante da festa orgiática que um grupo de amigos de 30 e poucos anos prepara para comemorar a resignação inevitável ao fracasso pós-‘yuppie’ em que eles viviam. Como eu vivo numa espécie de desvio cronológico, geográfico e situacional do mesmo fracasso geracional, me identifiquei desejosamente com o filme. Só um pouquinho, mas um pouquinho que me deixou pensativo ao final da sessão. Sentei-me em frente a minha própria casa, por volta da meia-noite e pensei... E amei... E senti saudades!

Dentre as várias seqüências equivocadas do filme, uma me deixou positivamente estupefato por sua potência analítica sobre a crise existencial macrológica dos personagens: depois de terem contemplado duas amigas fazendo sexo, um personagem gordinho e alvoroçado aproxima-se nu de seu melhor amigo, ambos heterossexuais, e percebem que seus narizes estão se tocando, como se fossem esquimós se beijando. O que acontece em seguida é banal, mas a promessa da cena me encantou. Bem mais que os carrapatos na areia da praia, anunciado mais de uma vez através de placas, mas que, afinal, não são mostrados. Felizmente?

Wesley PC>

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