sexta-feira, 20 de abril de 2012

COMO (QUASE) SEMPRE, O QUE NÃO PODE AINDA SER DITO... SENDO DITO!

É cedo ou tarde para comentar algo sobre a interferência mui particular do filme “Amor e Paixão” (1987), do Tinto Brass em minha vida recente? Não é um dos melhores filmes do diretor, mas foi tão incisivo na demonstração enredística de um conflito entre desejo inconfesso e adaptação concessiva a um relacionamento parcial que eu me percebi imerso no discurso do filme em mais de uma seqüência. Sem contar que, obviamente, o filme excita deveras.

Tal qual a belíssima protagonista vivida por Nicola Warren, já me vi obcecada e obscenamente enredado nos encantos de um gigolô. Não apenas o Luigi Laezza protagoniza duas das cenas mais fascinantes do filme (aquela em que ele faz sua amante norte-americana gozar quando ele enfia seu pé na vagina dela; e aquela em que ele é despertado com sua amante querendo enfiar o dedo em seu ânus, mas logo toma a dianteira do coito, ensinado-a a sincronizar o gozo com o dele), sem contar a cena em que ele deflora a protagonista, como o tipo erótico que ele representa ali escancara uma crise hodierna (preferia dizer: recorrente), em que eu me percebo carente da fixidez para-sexual a que tinha acesso ao menos duas vezes por semana. O capitalismo levou a minha constância, a minha tranquilidade, o meu desafogo, o meu amor irrestrito demonstrado através de felações... Meu parceiro passional (involuntário?) há mais de dez anos hoje é prisioneiro de uma sonolência constante, advinda do cansaço sobressalente e ocasionada por sua rotina inglória de trabalho. E eu me contorço de saudades, aproveitando a minha própria agonia para aconselhar outrem a lidar com os desejos inconfessos e as adaptações concessivas a relacionamentos parciais... Havia detestado o título nacional generalista do filme, mas agora o entendo como prenhe de sentido. Deve ser porque eu amo!

 Wesley PC>

3 comentários:

Jadson Teles disse...

Que triste....
mas amanha verei esse Tinto " Bunda"!
Por isso e por outras que tenho que concordar com Foucault é preciso desenvolver tecnicas pessoas de cuidado de si, uma espécie de estética da existência!

Jadson Teles disse...

Acabei de ver o Tio Tito Bras e achi um poderoso filme, fiquei encantado com o filme e não achei ele menor não, ao contrario achei ele maior!

J.

Pseudokane3 disse...

Um dos mais historicizados deles... Ponho "menor" entre aspas, pois ninguém fala deste filme, quando deveria - e muito! (WPC>)