Quando eu era adolescente, era comum fantasiar sexualmente com meu pai desconhecido. Imaginava que ele não seria tão mais velho que eu e, quando finalmente nos conhecêssemos, ele compensaria a ausência com muitas ereções e ejaculações. Para minha própria sorte trágica, nunca conheci o meu progenitor: até hoje, não sei o que herdei dele...
Na tarde de hoje, enquanto analisava o conteúdo de um DVD repleto de filmes homoeróticos, deparei-me com um filme chamado “Pai e Filho” (2003), do hermético diretor russo Aleksandr Sokurov. Meu espanto foi imediato: como um cineasta tão influenciado, formal e conteudisticamente, por Andrei Tarkovsky poderia engendrar um longa-metragem remotamente interessante para o comumente epidérmico público ‘gay’? Como? Sinceramente, não creio que assistir ao filme tenha me ajudado a responder a esta pergunta, mas, juro, eu tentei!
Não sei o que posso falar sobre a trama do filme: oficialmente, pai e filho militares se conhecem após muito tempo separados um do outro. E, a fim de compensar a ausência, fantasiam sobre o passado e o futuro em que poderiam ou poderão estar juntos. Não raro, eles se abraçam completamente nus, confessando o amor irrestrito que sentem um pelo outro. A trilha sonora de Andrey Sigle irrompe e era como se eu me emocionasse, mas, no plano racional, era como se cada plano do filme apagasse os anteriores de minha memória: eu não consegui reter (e, por dedução, entender e/ou captar) o filme! Terei que vê-lo novamente, depois que receber o veredicto apreciativo do mais confiável de todos os meus amigos, lá em Goiânia. Por sorte, desisti de ver o filme comendo pipoca. No máximo, tomei uma sopa de cogumelos, depois que despertei do sono profundo que a sessão induziu em mim...
Wesley PC>
DOIS É DEMAIS EM ORLANDO (2024, de Rodrigo Van Der Put)
Há uma semana
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