segunda-feira, 16 de abril de 2012

“É PRECISO TER UMA ORIENTAÇÃO IDEOLÓGICA!”

Depois de um domingo surpreendente em sua simplicidade relacionada aos encontros com amigos (o que justifica a ausência de postagens nesse ‘blog’ durante o dia de ontem), dormir depois de contemplar as fotos dos eventos. À tarde, estive entre meus queridos amigos intelectuais e libertinos; à noite, estive entre amigos que foram casados, mas que, hoje, são muito cautelosos em relação aos seus encontros, por causa de convenções legislativas e sociais envolvendo o divórcio. Ao voltar para casa, me senti contente. E, pouco antes das duas horas da madrugada, dormi.

Não lembro o que sonhei, pois, às 4h59’, meu despertador disparava: havia programado para despertar neste horário e assistir ao primeiro longa-metragem de Sérgio Bianchi, “Maldita Coincidência” (1979), que seria exibido na TV. Estava sonolento, mas consegui ver o filme inteiro. E gostei, apesar de não tê-lo entendido por completo. Era um filme bastante experimental, sobre os ocupantes marginais de um prédio desalojado. Numa cena, uma pessoa mascarada nos adverte de que o filme mexerá conosco, que ainda podemos abandoná-lo. Numa seguinte, homens despem-se completamente e se beijam. Numa terceira, Sérgio Mamberti nos ensina como se faz um coquetel molotov. Tudo muito solto e, ao mesmo tempo, rigorosamente coadunado à seqüência de onde extraí o título desta postagem, quando dois manifestantes brigam por causa da (falta de) clareza de seus direcionamentos ideológicos. Apesar de minhas reservas em relação a filmes recentes do diretor, agora eu posso afirmar: ele é um gênio! Ele sabe em quais searas está pisando!

Empolgado que fiquei por causa deste filme confuso, ao acordar, decidi ver “Omnibus” (1972), curta-metragem que ele dirigiu quando ainda estava na Escola de Comunicação e Artes da Universidade São Paulo (ECA-USP). Neste filme, uma mulher joga cartas sozinha e, ao som de uma canção francesa, sobre num veículo coletivo, sente-se oprimida pelos olhares dos passageiros e, ao descer, descobre uma paixão, enquanto compra flores ao som de uma canção composta pelo George Harrison. Tudo muito simples e metafórico, mas bonito mesmo assim. Só faltava a orientação ideológica ostensiva que se tornou tão dominante e acachapante nos filmes realizados em seguida...

Wesley PC>

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