domingo, 22 de abril de 2012

FILMES QUE VI APÓS O DESLOCAMENTO PRAIANO - I: “UM GAROTO NA MULTIDÃO” (1976, de Gérard Blain)

Nesta manhã de sábado, enfrentei ônibus abarrotados de gente mal-humorada para chegar até uma praia, onde havia combinado uma manhã de entretenimento com pessoas queridas que, até o mês passado, trabalhavam comigo. Após quase duas horas de tortuoso percurso veicular, cheguei à tal praia e não me arrependi de ter optado por este programa (in)usual de feriado. Por volta das 16h30’, estava de volta à minha casa e, enquanto jantava, recebi mensagens de meu melhor amigo, dizendo que estava submetendo o seu sábado a uma maratona de filmes homossexuais. Ele perguntou o que eu estava fazendo e, enquanto respondia, pensava em qual filme veria naquele final de tarde. Terminei adormecendo, o que é comum para quem volta da praia. Adormeci e, três horas depois, assisti a “Um Garoto na Multidão” (1976, de Gérrad Blain), pensando se tratar de um filme sobre homossexualismo adolescente bélico. Continuo sem saber direito se o filme é sobre isso ou não...

 Apesar de ser um filme tipicamente francês, em seu enredo sobre as contradições emocionais de guerra, e de não ter me empolgado pessoalmente, justamente por conta disso, a composição do protagonista é muito emocionante em sua sutileza emocional. O garoto Paul sente que não é suficientemente amado por sua família, o que é verdade: seu pai abandona a família e sua mãe e sua irmã mais velha estão preocupadas em arranjar dinheiro para sobreviver. Solitário, Paul adapta a este contexto de oportunismo bélico e estabelece relações de aproveitamento material e sentimental com soldados alemães, norte-americanos e franceses no contexto de mobilidade diplomática que o circunda. O homossexualismo é um fator sub-reptício, não mostrado explicitamente no filme, mas sim por vias sub-reptícias e dolorosas em sua conotação de carência íntima, de complemento vicário para o despertencimento societal e familiar que assola Paul.

 Ao término da sessão, disse a meu amigo que, por ser bastante similar a filmes congêneres franceses, “Um Garoto na Multidão” não havia me empolgado enquanto filme. Hoje pela manhã, penso de outra forma: a sutileza impressionante da composição do protagonista infantil é perturbadora. Hoje eu gosto bem mais do filme do que ontem. Talvez se eu revir o filme com legendas e menos expectativas homoeróticas, perceba que ele possui muito a oferecer em seu discurso apologético à singularidade. Deixo aqui um compromisso futuro, portanto.

 Wesley PC>

Um comentário:

Jadson Teles disse...

QUERO VER! e saudades do mar!

J.