Desde pequeno, ouço minha mãe dizer que “Irmão Sol, Irmã Lua” (1972, de Franco Zeffirelli) é um de seus filmes favoritos. Lembro de ter revisto alguns relances na infância, justamente quando o belo protagonista (vivido por Graham Faulkner) se despe diante de toda a população de sua cidade natal, a fim de aceitar a pobreza como algo que proporciona dignidade. À época, a nudez em si me impressionou mais que o discurso do filme como um todo, mas a semente havia sido plantada: não sou necessariamente um cristão, mas o exemplo de São Francisco de Assis me impressiona e motiva a ser um homem melhor!
Na manhã de hoje, finalmente assisti ao filme completo. Do meio para o final, ele me cansou, mas é um ótimo filme mesmo assim, maravilhosamente fotografado por Ennio Guarnieri, atravessado pelas belíssimas composições musicais do britânico Donovan, agraciado pela beleza grandiloqüente de Judi Bowker, no papel de Clara. O roteiro é irregular (parece fazer as pazes, no mau sentido do termo, com os desmazelos da Igreja na seqüência final, por exemplo), mas cumpre bem os seus objetivos biográficos: ele encanta, ele explica o porquê dos franciscanos merecerem o meu respeito para além de minhas tendências religiosas não-institucionalizadas. O próprio São Francisco de Assis fala melhor do que eu:
“Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz.
Onde houver ódio, que eu leve o amor;
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão;
Onde houver discórdia, que eu leve a união;
Onde houver dúvida, que eu leve a fé;
Onde houver erros, que eu leve a verdade;
Onde houver desespero, que eu leve a esperança;
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria;
Onde houver trevas, que eu leve a luz.
Ó Mestre, fazei que eu procure mais consolar, que ser consolado;
compreender, que ser compreendido;
amar, que ser amado.
Pois, é dando que se recebe,
é perdoando que se é perdoado,
e é morrendo que se vive para a vida eterna”.
Não acredito em vida após a morte, não sei como definir o conceito de ‘Verdade’ e minha religiosidade heterodoxa possui limitações acerca do que é prometido como “vida eterna”, mas esta oração sincera me emociona sempre que a ouço. Ela é, acima de tudo, uma ode ao possível. E esse “possível” tem nome de amor. Afinal de contas, como bem reclama São Francisco no filme, "todos falam sobre o pecado original, mas quase ninguém se lembra da inocência original"...
Wesley PC>
DOIS É DEMAIS EM ORLANDO (2024, de Rodrigo Van Der Put)
Há uma semana
2 comentários:
e eu quero ver esse filme, eu gosto de São Francisco de Assis, e eu amo!
J.
Amamos, meu bem, amamos!
Comprei o DVD com este filme ontem.
Valeu a pena!
WPC>
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