“Deus sabe o quanto eu adoro a vida
Quando o vento vira sobre as costas, jaz outro dia
E eu não posso pedir mais nada
Quando o sino do tempo toca em meu coração
E eu esquematizo um dia melhor
Bom, ninguém fez esta guerra para mim
E os momentos que me divertem,
Num lugar de amor e mistério,
Estarei lá a qualquer momento
Oh, os mistérios do amor
Onde não há mais guerra,
Estarei lá a qualquer momento”
É uma tradução muito livre, eu sei, e talvez os versos não façam tanto sentido linearmente quanto o fazem na canção “Mysteries”, que abre o belíssimo álbum “Out of Season” (2002), de Beth Gibbons & Rustin Man, que ouço repetidamente desde ontem pela manhã. Já havia comentado sobre a sintonia pessoal com este álbum triste noutra ocasião, mas o modo como ele me abateu de ontem para hoje foi ainda mais intenso. Não consigo parar de repetir algumas canções enésimas vezes: estou apaixonado, ou melhor, sou apaixonado!
Completamente obsedado pelo álbum que estou – mais uma vez! – frustrei-me quando estraguei sem querer um dos fones de ouvido que utilizo para ouvir música enquanto caminho. Mas insisti repetir as mesmas canções no fone defeituoso: além da já destacada “Mysteries” e da faixa 04, “Romance”, citada no texto anterior (escrito há um ano e alguns dias) e obviamente propensa à identificação romântica, a faixa 05, “Sand River” tem muito a ver não apenas comigo como também com o clima frio e, ao mesmo tempo, caloroso que me circunda: parece que vai chover (o que me agrada), mas, ao mesmo tempo, demora tanto para chover...
Assustado que estava em relação ao fim de semana vindouro (sinto-me particularmente solidário no último e no primeiro dia da semana), fiquei confinado em minha sala de pesquisa até as 21h. Gravei 3 DVDs com alguns filmes que me interessavam, mas que talvez não tenha muito tempo para ver em breve. Era muito mais uma precaução: tenho medo da solidão, como pode? Ainda hoje, eu tenho medo da solidão...
Mas a vida me manda seguir em frente. E eu segui. No caminho, me deparei com uma revista policial: dois garotos, obviamente menores de idade, estavam com as mãos na parede, enquanto policiais gritavam com eles. Tentei ouvir o diálogo intimidador, mas consegui apreender apenas o final de uma frase violenta: “...uma taca!”. Era isso o que o policial gritava. E eu continuei caminhando, até chegar em casa e assistir ao longa-metragem “Brasil Animado” (2010, de Marina Caltabiano), ao lado de minha mãe, que me preparou um delicioso prato de comida. O filme não era completamente ruim, mas oportunista e reiterativo. Me incomodou e a divertiu por alguns minutos. Depois eu dormi, sonhei com algo que não me lembro e despertei, graças a uma ferramenta de meu telefone celular. Era pouco mais de 7h quando levantei. Às 9h15', resolvi cochilar um pouco. Por volta das 11h, ouvia novamente “Out of Season”, repetidas e repetidas vezes. Me sentia “fora de estação” também. E eu cantava:
“Autumn leaves
Beauty's got a hold on me
Autumn leaves
Pretty as can be”
Estou apaixonado, sou um apaixonado clicheroso, e sim, sim, talvez eu esteja vitimado pela culpa decorrente de uma recaída imaginária. Nada que um filme do Philippe Garrel talvez não possa resolver ou acentuar. Arriscar-me-ei diante de ambas as possibilidades. Até mais tarde, senhoras e senhores!
Wesley PC>
sábado, 26 de maio de 2012
SE ME DISSEREM QUE É SENTIMENTO DE CULPA, EU ACREDITO!
Marcadores:
A CULPA É MINHA,
amor sem dono,
cinema,
identificação perigosa,
indício cinematográfico,
Música,
qual o contrário de solidão?,
recaída,
tristeza (infelizmente não tão) imaginária
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário