domingo, 3 de junho de 2012

E, MAIS UMA VEZ, PEÇO LICENÇA PARA FALAR SOBRE O AMOR, COM BASE EM QUATRO DOS FILMES QUE VI DE ONTEM PARA HOJE (MAS SÓ FALAREI O NOME DO ÚLTIMO)...

No mais antigo dos filmes que vi, um casal se expõe diante da câmera – ora em registro negativo, ora por detrás de uma névoa. Eles se amam, mas se questionam e, com o tempo, fodem. Nascerá uma criança, vista num filme posterior do mesmo diretor, que também filma a decomposição do cachorro da família...

Noutro dos filmes que vi, uma lésbica com dinheiro fica completamente atraída por uma desenhista de fêmeas de veado que encontra na rua. Paga para que ela viva consigo. A outra aceita, meio a contragosto. Mas não a trata bem: deixa claro que ela quer o dinheiro e o conforto. Mais tarde, a protegida se apaixona por um jogador de pôquer que, por sua vez, se apaixona pela lésbica dominadora e é correspondido. Passam a viver juntos. E, de repente, a bela e esnobe desenhista se ajoelha diante dos dois, que a tratam como uma extensão empregatícia, e diz: “eu amo vocês”. 

Num terceiro filme, um viúvo desiludido por causa da morte de sua esposa embriaga-se e se percebe pela primeira vez num bordel. Pela primeira vez que ele confessa, diga-se de passagem. Apaixona-se pela prostituta, que também desenvolve uma estranha empatia por ele, que, durante o sexo, grita: “a minha esposa era uma chata!”. Após diversas situações escandalosas, o filho moralista do viúvo obriga o pai a se casar com a prostituta. O motivo: quando eles fossem marido e mulher, ele cornearia o pai. A prostituta, então, apaixona-se pelo filho, que, por sua vez, foge com outro homem, um ladrão boliviano. E ela se mata!

O que me traz ao quarto filme, visto na manhã de hoje: o polonês “Um Coração Caloroso” (2008, vide foto), comédia de Krzysztof Zanussi, em que um rapaz bondoso é despedido de um supermercado depois que permite que uma velhinha leve uma lata de conserva alimentícia mesmo sem ter dinheiro. Abandonado pela namorada, que viaja para a Irlanda, ele tenta se matar. Não consegue. Sabendo de seus intentos suicidas, um rico mafioso tenta convencê-lo a morrer e doar seus órgãos vitais, pois ele necessita urgentemente de um transplante cardíaco. Temeroso de falecer, o mafioso reescreve seu testamento, no afã por deixar a sua fortuna para alguma instituição que contribua para estragar ainda mais o mundo. Ao final, após diversos qüiproquós que não revelarei aqui para não estragar o prazer de quem ainda verá o filme, o mafioso direciona um pomposo cheque para um abrigo de animais abandonados. Em outras palavras: eu acredito no amor – e no cinema! 

Wesley PC>

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