quarta-feira, 13 de junho de 2012

“QUEM SOU EU NO JOGO DO BICHO?”


Esta pergunta chistosa é comumente utilizada por alguns de meus amigos em momentos de crise psicológica simulada (leia-se: quando está menos em jogo entender de fato quem se é do que parecer alguma coisa em relação a outrem) e me pareceu particularmente impregnante quando, ao voltar satisfeito de um evento que não se apresentava  aprioristicamente interessante, fiquei sabendo da existência de um filme chamado “O Homem Ferido” (1983, de Patrice Chéreau), sobre o relacionamento instável e violento entre um homem que descobre tardiamente a sua homossexualidade e um marginal que conhece numa estação. Hoje em dia, este tipo de trama seria clicherosa, mas o contexto de produção francês oitentista me cativou. Pena que o filme não seja fácil de ser encontrado, da mesma forma que não é fácil me definir esquematicamente. No tal evento de que participei, levantei o dedo para compartilhar uma angústia interrogativa. Como o palestrante era norte-americano, ele não compreendeu bem o que eu falava, não apenas por causa de minha conhecida velocidade vocal, mas também por causa de meu tom angustiado na longa e exemplificada formulação do questionamento. Ao final, não apenas me senti contemplado com a sua resposta como ele veio me procurar particularmente, dizendo que eu deveria publicar as minhas reflexões intelectuais. Senti-me lisonjeado, mas a angústia intelectual permanece. Agora, estou sorrindo, mas, por dentro, me pergunto, em alto e bom tom: “quem sou eu no jogo do bicho?”. 

 Wesley PC>

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