segunda-feira, 16 de julho de 2012

ACHO BONITO QUANDO ME VEJO DIANTE DE UM ESPELHO COM UM CIGARRO NAS MÃOS...

Não tinha muitas pretensões elogiosas quando liguei a TV, neste domingo pela manhã, para assistir ao documentário “Fumando Espero” (2008, de Adriana Dutra) no Canal Brasil. O título era tão sonoro, entretanto, que, aos poucos, fui me deixando levar pelo tom aparentemente subjetivo com que a diretora abordava o assunto: ela desejava deixar de fumar e, para tal, serviu-se de uma pesquisa histórica como sustentáculo decisório.

Para minha surpresa, a referida pesquisa é bastante rica em sua observância das diversas fases dos processos que antecedem e procedem uma simples tragada de cigarro: ela começa entrevistando artistas e personalidades famosas sobre o assunto (de Ney Latorraca a Miúcha), acrescenta as observações de médicos e especialistas , intercala os blocos temáticos com animações inteligentes sobre o assunto, filma a si mesma em sua abstinência histérica, detém-se demoradamente nos efeitos da publicidade televisiva e, principalmente, cinematográfica e, no surpreendente quartel final, entrevista agricultores que se declaram insatisfeitos com o cultivo de tabaco, mas que alegam não saberem fazer outra coisa para sobreviver economicamente. A família mostrada na foto foi a que mais chamou me chamou a atenção e recebeu minha intrigada compaixão: eles reclamam de impostos, enumeram os diversos reveses de sua atividade laboral, mas, ao final, demonstram-se resignados frente as lucrativas leis de mercado. Só por isso, faço questão de recomendar este filme a quem fuma, não fuma, quer parar de fumar ou – assim como eu – acha bonito se imaginar fumando...

Sei que parece um tanto truísta a abordagem do tema, mas Adriana Dutra realizou uma obra muitíssimo agradável de ser vista e bastante variegada em sua exposição de argumentos contra o vício em nicotina. Queria ter este filme em casa: a análise do desejo condicionado por fatores ambientais externos pode muito bem ser estendida para outras dependências... E, nestas, eu mais do que me incluo. Muito bom o filme!

Wesley PC>

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