Ainda não vi “A Alegria” (2010), parte intermediária da trilogia “Coração no Fogo”, realizada pelos diretores e críticos de cinema Felipe Bragança e Marina Meliande. Estou com o filme quase baixado – aqui no computador onde digito estas linhas – e anseio para chegar em casa e conferi-lo, visto que empolguei-me deveras com as resenhas entusiásticas que comparam o estilo dos diretores aos temas-chave de M. Night Shyamalan e Apichatpong Weerasethakul. Por ora, para me deixar ansioso para conferir o tal filme, basta-me a imagem desta ferida: afinal de contas, há uma ferida também fazendo eco em mim!
Costumo dizer aos meus amigos e/ou confidentes – acreditando piamente nisto – que o que mais consola na tristeza é que ela nos torna mais criativos. Porém, há um efeito colateral que aflige que se aventura pela comprovação desta definição: a tristeza, diante de uma criatividade viciada, tende a crescer, a contaminar áreas que, até então, pareciam não afetadas por ela. Ou não. Tudo o que escrevo aqui se subsume a um viés especulativo: “Sobre aquilo de que não se pode falar, deve-se calar”, aconselhar-me-ia o Ludwig Wittgenstein. Mas eu sou idiota – muitíssimo idiota – e falo assim mesmo!
Nos 7 minutos seguintes a este exato instante, aguardo com imensa ansiedade a completude do arquivo cibernético correspondente a “O Palácio dos Anjos” (1970), filme do Walter Hugo Khouri que eu não conhecia até a semana passada, mas que pretendo ver na tarde de hoje, como vingança por ser tão propositalmente abestalhado. Há pouco, fui urinar e, na pressa para verificar como estava o ‘download’, quebrei o zíper de minha calça. Não estou usando cueca, de maneira que precisarei caminhar mais de três quilômetros com a genitália à mostra (ou quase). Olhei para alguns títulos ofertados na prateleira de uma livraria localizada em frente ao banheiro em que me encontrava e deparei-me com uma obra de Augusto Cury, autor de auto-ajuda reverenciado pelos entediados pequeno-burgueses. Para alguns (os burgueses, em essência ideológica), existem os deméritos injustamente despejados contra o cinema extremamente autoral do Walter Hugo Khouri; para outros, a catilinária vendável do Augusto Cury é suficiente. Para mim, a ferida arde, mas não se vê. É ferida que dói e se sente. E a alegria é uma palavra de sete letras...
Wesley PC>
DOIS É DEMAIS EM ORLANDO (2024, de Rodrigo Van Der Put)
Há uma semana
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