segunda-feira, 30 de julho de 2012

APESAR DA SEMELHANÇA NOMENCLATURAL, CURY E KHOURI PERTENCEM A UNIVERSOS RADICALMENTE DISTINTOS (UMA EMULAÇÃO DO QUE EU NÃO VI, NÃO VIVI, NÃO SENTI, NÃO ENTENDI, EXPERIMENTEI –TRÊS VEZES “AINDA”)!

Ainda não vi “A Alegria” (2010), parte intermediária da trilogia “Coração no Fogo”, realizada pelos diretores e críticos de cinema Felipe Bragança e Marina Meliande. Estou com o filme quase baixado – aqui no computador onde digito estas linhas – e anseio para chegar em casa e conferi-lo, visto que empolguei-me deveras com as resenhas entusiásticas que comparam o estilo dos diretores aos temas-chave de M. Night Shyamalan e Apichatpong Weerasethakul. Por ora, para me deixar ansioso para conferir o tal filme, basta-me a imagem desta ferida: afinal de contas, há uma ferida também fazendo eco em mim!

 Costumo dizer aos meus amigos e/ou confidentes – acreditando piamente nisto – que o que mais consola na tristeza é que ela nos torna mais criativos. Porém, há um efeito colateral que aflige que se aventura pela comprovação desta definição: a tristeza, diante de uma criatividade viciada, tende a crescer, a contaminar áreas que, até então, pareciam não afetadas por ela. Ou não. Tudo o que escrevo aqui se subsume a um viés especulativo: “Sobre aquilo de que não se pode falar, deve-se calar”, aconselhar-me-ia o Ludwig Wittgenstein. Mas eu sou idiota – muitíssimo idiota – e falo assim mesmo!

 Nos 7 minutos seguintes a este exato instante, aguardo com imensa ansiedade a completude do arquivo cibernético correspondente a “O Palácio dos Anjos” (1970), filme do Walter Hugo Khouri que eu não conhecia até a semana passada, mas que pretendo ver na tarde de hoje, como vingança por ser tão propositalmente abestalhado. Há pouco, fui urinar e, na pressa para verificar como estava o ‘download’, quebrei o zíper de minha calça. Não estou usando cueca, de maneira que precisarei caminhar mais de três quilômetros com a genitália à mostra (ou quase). Olhei para alguns títulos ofertados na prateleira de uma livraria localizada em frente ao banheiro em que me encontrava e deparei-me com uma obra de Augusto Cury, autor de auto-ajuda reverenciado pelos entediados pequeno-burgueses. Para alguns (os burgueses, em essência ideológica), existem os deméritos injustamente despejados contra o cinema extremamente autoral do Walter Hugo Khouri; para outros, a catilinária vendável do Augusto Cury é suficiente. Para mim, a ferida arde, mas não se vê. É ferida que dói e se sente. E a alegria é uma palavra de sete letras...

 Wesley PC>

Nenhum comentário: