sábado, 14 de julho de 2012

A LÓGICA DOS “PEQUENOS FAVORES” E ESTA VONTADE DANADA QUE EU ESTOU DE CONVERSAR...

Não me programei para assistir ao filme “A Melhor Maneira de Andar” (1976, de Claude Miller). Passou na TV, e eu vi. Na trama, dois instrutores de colônia de férias se embatiam: um deles, vivido por Patrick Dewaere (que, na vida real, se suicidou aos 35 anos de idade), é debochado e atlético; o outro, vivido por Patrick Bouchitey, é intelectual e taciturno. No começo do filme, um deles quer ver um filme do Ingmar Bergman na TV, enquanto seus colegas fazem baderna, atrapalhando a sessão. Ele vai para o quarto, quando falta energia e o outro o flagra vestido de mulher quando vai buscar velas em seu quarto. Daí para a frente, uma estranha competição de egos se instala: o taciturno tenta se reconciliar com o debochado, enquanto este diz que eles até podem ser amigos, mas o outro terá que lhe prestar “alguns pequenos favores”, nunca explicitados até o final da película, por mais que suspeitemos bem quais sejam...

Para além de um ou outro problema, a sutileza passional do enredo me atingiu em cheio: protagonizei uma situação (des)confortavelmente – em intenção – no dia de hoje, de modo que me identifiquei deveras com o personagem merencório. E como torci para que, no futuro, aquele final paralisado se repita várias e várias vezes, incluindo aí a co-participação da bela atriz Christine Pascal, que interpreta a namorada virgem do personagem tendente à homossexualidade. É um filme tão sutil, tão bonito... E hoje eu dormirei feliz, mas angustiado por não ter com quem conversar: ainda estou sob efeito da fotofobia gnoseológica que me tomou de assalto após o mergulho no vazio complementar dos últimos dias. Sou um homem apaixonado pela vida (e por alguns viventes): deve ser este o meu dom e o meu maior problema!

Wesley PC>

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