domingo, 1 de julho de 2012

QUANDO SE ESTÁ ANGUSTIADO, TUDO CONSPIRA (MAS TAMBÉM AJUDA):

Acordei absolutamente angustiado na manhã de hoje: sonhara que havia sido contratado como professor de banca (reforço escolar) de um garotinho de 16 anos, acima do peso e com portador de Síndrome de Down, tão gentil e apaixonado que fez com que eu me sentisse encantado por estar em sua companhia. Ele era filho de um dono de sebo que costumava vender xérem (farelo de milho) até a semana anterior ao nosso encontro e demonstrava-se obcecado pela “Marcha Radetzky”, do Johann Strauss I. Escutamos juntos esta música clássica várias vezes, antes de desfilarmos juntos numa festividade pública. Durante a mesma, descubro que havia não havia sido aprovado no último ano do Ensino Médio e me matriculo na escola pública Tobias Barreto. Apaixono-me por um guri da minha sala, um rapaz alto e um tanto gordinho, que cursa História na Universidade Federal de Sergipe. Ofereço-lhe meu cu virgem, mas ele recusa com um sorriso, oferecendo-me várias balas de cereja, como compensação. Fico contente, mas sinto inveja das meninas grávidas de minha turma, que haviam fodido com alguém que amavam. No ônibus, não havia onde sentar: muitas adolescentes grávidas! Fico em pé, conversando com um faxineiro manco da UFS, que estava se preparando para defender a sua monografia sobre o cinema de ficção científica da Áustria. Ele escrevera seu texto em alemão, língua que admiro, e, antes que descêssemos do ônibus, conversamos sobre a filmografia do cineasta espanhol Eloy de la Iglesia, de quem ele também era fã. Acordei...

Apesar de vários elementos do filme serem positivos (retribuía o afeto do garotinho com Síndrome de Down, compensei a reiteração de minha virgindade anal com doces, encontrei alguém inteligente e simpático para conversar enquanto sentia inveja de outrem), acordei angustiado. Muito angustiado mesmo. Não quis tomar café da manhã, inclusive. Liguei a TV e assisti a um filme francês chamado “Melanie, a Feia” (2008, de Jean-Patrick Benes & Allan Mauduit), sobre uma garçonete gordinha que era maltratada e explorada por todos ao seu redor, visto que era bastante gentil. Cansada de "ser uma, num mundo em que todos são dois" (leia-se solitária e sem namorado, enquanto todos ao seu redor amam e fazem sexo), um dia, ela se irrita e resolve tornar-se má, começar a dizer “não”. Finda por descontar sua revolta em pessoas que não lhe fizeram mal. Arrepende-se. E, após a sessão, eu fui dormir novamente, ainda me sentia mal!

Durante o cochilo, sonhei novamente: Zhang-Ke de Castro, minha cadela 'poodle' branca, havia engravidado e parira quatro gatinhos marrons, que depositara na gaveta de frutas da geladeira da cozinha. Minha mãe fora mordida por um dos gatos quando tentara retirar uma folha de couve, a fim de cozê-la para mim. Não lembro de mais detalhes, visto que despertei com minha mãe chamando no portão: ela estava voltando do supermercado, contente. Aproveitei o embalo, liguei o rádio e comi um pouco de macaxeira com queijo, ovos, cogumelos e banana. A angústia diminuíra, mas era ainda angústia. Saí de casa, retirei dinheiro num caixa automático do Banco do Brasil, brinquei com a filha pequena de um amigo muito magro e telefonei para um rapaz pelo qual serei eternamente apaixonado. Afinal, estou vivo!

Wesley PC>

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