sábado, 18 de agosto de 2012

CONFORME ACONTECE TODO SÁBADO... (OU “AO INVÉS DE PENSAR NA TRISTEZA...” – PARTE 2)

Acabei de ver um filme realizado no início do século XX: “O Assassinato do Duque de Guise” (1908, de Charles Le Bargy & André Calmettes), um dos mais longos de sua época, visto que possui mais de 15 minutos de duração. Na trama, é reconstituído um vento histórico datado de 23 de dezembro de 1588, quando o rei Henrique III manda seus quarenta e cinco guardas apunhalarem o duque Henrique de Lorraine I, seu rival, numa situação que minha apreensão da língua francesa não permitiu compreender adequadamente: se, por um lado, parecia que o relacionamento do duque com a marquesa de Noirmoutiers incomodava o rei, por outro, parecia que divergências acerca de financiamentos bélicos eram o verdadeiro motivo da emboscada fatal. Seja como for, o filme entrou para a História – literalmente – por ser um dos projetos pioneiros em relação ao reconhecimento do cinema enquanto arte dramática erudita. A trilha sonora original do filme, por exemplo, foi composta especialmente por Camille Saint-Saëns, um dado absolutamente inovador.

Para falar a verdade, não gostei tanto do filme quanto a minha empolgação sinóptica anterior deixa antever, mas, analisando-se a sua importância histórica inquestionável, é impossível não lhe ser apologético. Além disso, por vieses surpreendentemente coerentes, algo na trama deste filme me fez repensar um mal-estar anímico que me toma de assalto neste sábado, quando me sinto tristonho por causa de uma situação ainda mal-explicada entre amigos. Mas não quero pensar nisso, não quero me equivocar, não quero pensar na tristeza. Quando eu revir o filme, o acharei ainda mais lindo do que o achei hoje, tenho certeza. Tal qual o duque, que, depois de apunhalado, ficou “ainda maior do que era quando vivo”! A vida imita a arte que imita a vida que imita (e é imitada por) vida e arte ao mesmo tempo...

E, sobre o que costuma acontecer todos os sábados, digamos que, enquanto eu via o filme num quarto, minha mãe se lamentava na sala, visto que meu irmão caçula provavelmente refestela-se na residência de uma desagradável  traficante de drogas. Como ouvi ontem num filme de Abel Ferrara, “quem não aprende com a História, está condenado a repeti-la” [esqueci o autor deste aforismo, desculpem-me]. De minha parte, estou tentando, estou tentando...

Wesley PC> 

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