sábado, 11 de agosto de 2012

MINI-MARATONA WALTER HUGO KHOURI #05: “ – VOCÊS VÃO EMBORA HOJE? – DEPENDE DO QUE CONSEGUIMOS PESCAR OU CAÇAR. DEPENDE DO TEMPO. DEPENDE DE TANTA COISA...”

“O Último Êxtase” (1973) é o um dos primeiros filmes em que o diretor Walter Hugo Khouri faz uso de seu alter-ego cada vez mais recorrente Marcelo, já adotado antes em "As Amorosas" (1968), então vivido por Paulo José. Interpretado aqui por seu próprio filho, Wilfred Khouri [lindo, meu Deus, estou apaixonado por ele até agora!], Marcelo, neste filme, desempenha outra função: um personagem inaudito, um projeto de homem angustiado e egoísta diferente dos outros congêneres, mas tendente à insuportabilidade. Por mais que eu tenha gastado quase todo o tempo de projeção do filme repetindo os mesmos elogios à beleza iridescente do intérprete, meus companheiros de sessão detestaram o comportamento isolacionista do personagem: no filme, ele, a namorada e um casal de amigos resolvem acampar num bosque. Chove bastante, e eles se entendiam, mas Marcelo insiste em ficar por lá. De repente, aparece um casal rico no lugar em que eles estavam (Lílian Lemmertz e Luigi Picchi, atores recorrentes na fauna khouriana) e oferece-lhes conforto, mas Marcelo recusa, rejeita, e insiste para que sua namorada faça o mesmo. Ela não faz. E o restante do filme são olhares e cisões... Principalmente, olhares.

Os amigos que estiveram presentes à mesma sessão que eu não gostaram tanto do filme, mas eu me derreti, me apaixonei avassaladoramente por tudo o que se relacionava a esta obra magnífica. Walter Hugo Khouri realizando um filme juvenil? Quem diria?! E, para o meu escândalo aguardado, ele superou qualquer expectativa que eu tivesse depositado sobre ele: o filme é lindo, angustiante, severo, forçando-nos à identificação questionadora. “Eu já fui assim. E odiava!”, comentou um de meus amigos. “Eu já namorei alguém assim: ele era insuportável!”, acrescentou outra. E, de minha parte, eu sem saber direito o que sentia, mas era como se não pudesse conter ou descrever o meu amor por aquele personagem: Marcelo, quando jovem, é lindo. Lindo e birrento, mas, acima de tudo, lindo – por fora e pelo que deu para perceber de seu interior...

 Wesley PC>

Nenhum comentário: