terça-feira, 14 de agosto de 2012

MINI-MARATONA WALTER HUGO KHOURI #08: “EM MATÉRIA DE ANGÚSTIA, VAI SE DIFÍCIL ELE GANHAR DA GENTE. DE MIM, PRINCIPALMENTE!”

“Amor Voraz” (1984) é um filme menor do Walter Hugo Khouri. Uma ousada incursão pela ficção científica, em que o sexo é quase interdito pelo inter-especismo, mas contrafeito na masturbação feminina típica de seu ‘corpus’. Onde está o problema, portanto? É um filme menor, de fato, com várias seqüências desengonçadas, mas, ainda assim, prenhe da genialidade romântica cara ao diretor e roteirista: um filme sobre o quão difícil é amar, sobre o quão angustiante é amar, sobre o quão prazeroso é amar e estar angustiado. Um filme quase ótimo, portanto!

 Assisti a este filme ao lado de um casal Não escondo de ninguém que sou completamente apaixonado e obcecado por um dos integrantes deste casal, de modo que, enquanto víamos o filme, eu me percebi sendo invasivo em relação a algumas carícias nos membros inferiores do rapaz. Após a sessão, cheguei tão casando em casa e tive um pesadelo, no qual o flagrei nadando numa piscina imunda, entulhada de lixo, usando apenas uma cueca branca com um rasgo imenso na parte de baixo, que deixava não apenas  visualizar toda a sua genitália, como vazar os testículos. Ainda assim, eu não me dei por satisfeito. Tentei agarrá-lo, ao que ele se defende com um clamor: “Wesley, por favor, respeite a minha solidão!”. Acordei angustiado: tinha algo a ver com o filme? Com certeza!

Repensei a trama do filme na manhã de hoje e percebi muitos pontos de contato metafórico com angústias recentes: afinal de contas, não faz muito tempo que tive um pesadelo erótico envolvendo um extraterrestre. Não era à toa: tem algo me angustiando. Ter sido apresentado ao verbo “sevar” no último final de semana abriu novas possibilidades hermenêuticas em relação ao filme, visto que a personagem depressiva de Vera Fischer seva o alienígena vivido na penumbra por Marcelo Picchi: após muitos anos refazendo-se nas águas terrestres, ele materializa-se num belo rapaz e é encontrado por uma mulher que se submete a todo tipo de tratamento medicinal, a fim de livrar-se do mal-estar perene que assola a sua alma. Está há muito tempo sem fazer sexo, e vive numa casa cercada por mulheres neuróticas e desejosas, que pensam nisso o tempo inteiro. A convalescença do extraterrestre na propriedade faz que com que todas elas anseiem por transar. Mas o alienígena tem outros planos: ele quer sobreviver, ele quer continuar a sua espécie, ele precisará partir. E a mulher solitária tentará impedir. Mas há coisas que ninguém impede...

Durante a sessão, parecia que eu não estava gostando muito do filme, mas, revendo-o imaginariamente, percebo o quão significativo dos temas-chave khourianos ele é. Um filme absolutamente singular em nossa cinematografia brasileira. Um filme sobre mim, perpetuamente apaixonado. Um quase-ótimo filme. Ponto!

Wesley PC> 

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