quinta-feira, 4 de outubro de 2012

A RAZÃO DO TELEFONE DESLIGADO PELA MANHÃ, UM FILME ESTONIANO, A PREOCUPAÇÃO MATERNA COM A CHUVA E AS PALAVRAS NÃO MENCIONADAS (PORQUE CONSTRANGEDORAS, TALVEZ):

A antevisão da nudez de Pärt Uusberg fez com que eu imaginasse que “A Classe” (2007, de Ilmar Raag) tivesse algo a me oferecer caso eu ficasse insatisfeito com a sua abordagem cosmopolita (no pior sentido do termo) daquilo que hoje é designado mercadologicamente por ‘bullying’. Quando eu soube que se tratava de um filme estoniano, o interesse foi renovado, mas, à medida que o filme avançava, eu ficava cada vez mais constrangido com a rudimentaridade de seu roteiro, ingênuo e dicotômico ao limite da imbecilidade.

 No filme, o citado ator adolescente sem roupa interpreta (mal) Joosep, um ‘nerd’ hostilizado por toda a classe do colégio em que estuda. Durante uma agressão, quando os rapazes de sua turma retiram toda a sua roupa e o atiram no banheiro das mulheres, um dos seus opositores desenvolve a necessidade estranha de defendê-lo, talvez para agradar à sua namorada, que o tacha de covarde por imitar aquilo que todos fazem. Porém, esta mesma namorada que o incitou a ser um defensor do oprimido rapaz começa a ter ciúmes da relação espúria de amizade entre eles, imaginando que os dois desenvolvem um relacionamento homossexual. O paroxismo desta crise será uma felação forçada e seguida por vômitos dolorosos, desencadeadores, a posteriori, de um massacre nos moldes colegiais estadunidenses. Tinha tudo para ser boa esta estória, não é? Mas, insisto: o filme é péssimo! 

 Assisti a “A Classe” antes de dormir e, ao despertar, lembrei que sonhara com minha irmã mais velha, que se recusava a abandonar o filhote masculino de gato morto entre as três fêmeas sobreviventes. Minha mãe acha que o sonho tem a ver com o parto iminente de minha sobrinha de 13 anos, que foi hospitalizada por causa de uma gravidez de risco, enquanto eu lia um texto do teórico político David Held, sobre os modelos de democracia vigentes na modernidade. Não tive interesse em ligar o telefone celular: precaução, talvez? Fuga de uma discussão inevitável que, ao contrário do que parece, não é evitada por mim? Talvez. O que importa é que minha mãe se preocupa sinceramente comigo e fez questão de me telefonar para perguntar se eu havia vestido um casaco antes de sair de casa...

 Wesley PC>

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