segunda-feira, 19 de novembro de 2012

PALAVRAS-CHAVE: ENFRENTAMENTO VERSUS RETROALIMENTAÇÃO!

O curta-metragem “Vista Minha Pele” (2008, de Joel Zito Araújo), descoberto por acaso no início da tarde de hoje, em decorrência da necessidade de palestrar sobre “A Negação do Brasil” (2000, do mesmo diretor, comentado aqui), me impressionou pela originalidade de sua concepção: num mundo “invertido”, em que países como França e Inglaterra são pobres e os negros dominam aquisitivamente os brancos, a personagem Maria, filha da faxineira do colégio em que estuda, sonha em se tornar a Miss Festa Junina da escola. O problema é que, por ter a pele clara, ela sofre muita discriminação racial e tem seus sonhos naufragados pelo preconceito. Sua melhor amiga negra, entretanto, insiste para que ela não desista. Ao final, Maria perceberá que, mais importante que vencer, é fomentar o debate e, para além dos defeitos estruturais do filme (exemplo dominante: fazer com que Maria imite os brancos que a oprimem), a idéia é ótima!

 Quando me convidaram para comentar “A Negação do Brasil”, em relação ao qual tenho muitas restrições estéticas, não destacaram que a plateia seria predominantemente infantil, de modo que eu titubeei por alguns instantes antes de começar a falar: “como ser inteligível sem subestimar a inteligência proveitosa destas crianças?”. Para minha sorte, os garotinhos foram bastante interativos, contribuíram com exemplos pertinazes e, ainda melhor, um deles fez um gancho absolutamente genial com a “invenção” técnica da AIDS como ferramenta socialmente higienizadora. Ao invés de “ensinar”, eu aprendi com aquele debate: aprimorei não apenas o modo como lidar com a inteligência infantil como me surpreendi deveras com a sua capacidade impressionante de associação crítica. E, a cada duas frases, eu insistia para que eles vissem o curta-metragem supramencionado. Faço o mesmo aqui: vejam “Vista Minha Pele”, pois este filme retroalimenta o debate e o enfrentamento!

Wesley PC>

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