segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

29 MINUTOS PARA O DIA 25 DE DEZEMBRO – E CONTANDO...

Na tarde de hoje, eu adormeci e acordei com o barulho de um caminhão de lixo, triturando o conteúdo recolhido em frente à minha casa, os meus cachorros latindo, os funcionários da empresa coletora gritando algo que não consegui discernir. Lembrei que, até alguns anos, era comum oferecer esmolas aos lixeiros, como dádiva natalina. Nos dias de hoje, até mesmo este gesto demagógico, eventualmente dotado de verdadeira filantropia casuísta, foi substituído pela vacuidade festiva e massificada: na rua em que moro, às 23h33’ da véspera de um dia que os meios de comunicação de massa propagandeiam como o do nascimento do filho de Deus, meus vizinhos ouvem músicas de péssimo calão em altíssimo som, enquanto minha mãe assiste à Missa do Galo, transmitida diretamente do Vaticano pela TV Cultura...

Por eu não ser efetivamente cristão – no máximo, sou um “cristista”, fiel seguidor dos ensinamentos sociopolíticos de Jesus Cristo, costumo alegar que detesto o dia de Natal. Inclusive, na tarde deste mesmo dia, recebi uma mensagem de celular de uma grande amiga, amargurada com o falecimento de um conhecido, anunciando suas projeções acerca do que deveria ser a referida data. Não obstante ter me emocionado/preocupado com o que ela quis me dizer, fiquei chateado com o conteúdo da mensagem: achei-a inoportuna, entreguista, visto que, em minha opinião militante, ignorar qualquer ambição natalina é a melhor forma de conter as mazelas impostas em nome deste feriado que costumava me deprimir, mas que, hoje em particular, finalmente converteu-se em uma data fingida, que não mais me afeta tão negativamente, ufa!

No exato momento em que escrevo estas linhas, sinto-me feliz, simplesmente contente por estar vivo, por estar com minha mãe comunicativa e audiente detrás da cadeira em que estou sentado, enquanto meu irmão mais novo e meus cachorros jazem num quarto. Há pouco, um amigo/vizinho do caçula Rômulo de Castro o telefonou de uma penitenciária: apesar de não gostar dele, minha mãe sentiu compaixão por seu estado, pois ele chorava enquanto conversava com ela. Rômulo estava dormindo e não pôde consolá-lo. De minha parte, estou ansioso para ver o filme mais recente do Ang Lee no cinema, amanhã pela tarde, ao lado de meus melhores amigos. Amanhã é Natal, inclusive, mas os cinemas estarão funcionando. O capitalismo muda tudo, dessacraliza o religioso em prol do monetário. “Nem mesmo o dia de Finados é respeitado!”, reclama minha mãe volta e meia. E eu contente...

Wesley PC> (23h41’)

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