domingo, 30 de dezembro de 2012

“AÍ FOI QUE O BARRACO DESABOU, NESSA QUE O MEU BARCO SE PERDEU...”!

Hoje eu passei a madrugada em claro: tanto porque eu estava contente (em estado de “êxtase” seria mais preciso), tanto porque eu estava a ver alguns filmes meia-boca mas divertidos porque entre amigos, tanto porque eu flutuava pensamentalmente... Dormi algumas horas, suei bastante e, ao voltar para casa, reassisti ao filme “Setembro” (1987, de Woody Allen) enquanto saciava a minha fome. No filme – emocionalmente devastador, mas, ainda assim, um dos menores do diretor – Mia Farrow, Dianne Wiest e Elaine Stritch são mulheres que experimentam emoções diferentes porém complementares: a última personagem, mãe da primeira, é uma atriz famosa e aposentada, que passa os dias a relembrar os amores lúbricos da juventude e, ao se olhar no espelho, pensa: “é horrível envelhecer quando, por dentro, se sente como se ainda tivesse 21 anos de idade... Ao olhar para isso, parece que me falta algo: é o futuro!”; a segunda gosta de música e se apaixona pelo interesse romântico da primeira, mas reluta em ceder às investidas dele para não machucar a frágil senhorita; e a primeira é uma mulher atormentada e absurdamente triste, que “se veste como uma refugiada polonesa” e se sente feia e desinteressante, apesar de não fazer jus a estes adjetivos depreciativos. Não gostei do filme como um todo, mas, no momento mostrado na foto, quando a primeira flagra a segunda beijando o homem que ambas amam, o estado de espírito de todos os personagens declina de vez: daí para o final, o filme é pura melancolia e desencanto!

 “Ontem demorei prá dormir 
Tava assim - sei lá! - meio passional por dentro... 
Se eu tivesse o dom de fugir prá qualquer lugar 
Ia feito um pé-de-vento
 Sem pensar no que aconteceu
Nada, nada é meu, nem o pensamento” 

 Este filme, pertencente à fase mais bergmaniana do diretor, não me empolgou pessoalmente (no sentido qualitativo do termo) porque é desalinhado no que tange à conjunção entre conteúdo enredístico absolutamente melancólico e quadratura formal. Mas me perturbou muito mesmo assim, por motivos deveras pessoais, inclusive. Fui adormecer mais um pouco imediatamente após a sessão, sonhei com alguns supostos amigos de infância que não me lembro de conhecer, e despertei com a execução altissonante da canção acima, numa festa improvisada na casa em frente à minha. Impressionante como esta letra – “Eu e Você Sempre”, popularizada através do grupo Exaltasamba, mas, aqui, cantada pelo Chiclete com Banana – tinha muitíssimo a ver com o que eu sentia antes de dormir. E fiquei preocupadíssimo com o anúncio vindouro contido em seu refrão: glupt!

 Wesley PC>

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