terça-feira, 4 de dezembro de 2012

“EU AMO SEUS PUNS, EU AMO SEU BAÇO, EU AMO SEU PÂNCREAS”...


Na manhã de hoje, tive aula com uma turma de alunos jovens de Jornalismo. Pelo menos três dos garotos que estavam em minha sala eram bonitos (ao menos, no que tange ao meu padrão bem peculiar de beleza juvenil masculina). Fiquei encarando um deles, mas não sei o que ele pensou de minhas investidas. Não levei nada a sério, aliás. “Beleza é algo que rima com perfídia”, repeti para mim mesmo, várias vezes ao longo do dia...

À tarde, tive aula sobre as concepções da democracia deliberativa num texto de Jürgen Habermas e, à noite, adentrei a casa de meu fornecedor habitual de sêmen um tanto desesperançado: era tarde (pouco mais de 20h) e ele já havia se banhado (logo, se masturbado) a este horário. Mas não custava nada vê-lo um pouquinho, admirá-lo, conversar com ele... Acho-o bonito: ele me faz bem, em suma!

Para minha boa surpresa, ele estava sozinho, deitado num sofá novo. Sentei-me no tal sofá, pus as pernas dele sobre minhas pernas e comecei a beijar seus pés, suas coxas, sua virilha. Quando eu tentava cheirar a sua genitália, ele punha a mão por cima. O cheiro de sabonete ainda estava fresco em suas articulações: ele se banhara recentemente. Logo, se masturbara.

Um tanto desesperançado, mas apaixonado, continuei a beijar o seu corpo. Ele não se opunha e eu o amava. Meio sem querer, pus a mão por dentro de seu calção, através de uma abertura do lado direito. Ele não ofereceu resistência. De repente, seu pênis amolecido e lindo estava em minhas mãos. No instante seguinte, endurecia em minha boca. Algum tempo depois, não apenas ele ejaculava como gozava alto: eu ouvi a sua voz reagindo ao prazer que o proporcionava: senti-me útil, senti-me feliz!

Para a minha estupefata surpresa, mesmo após ter ejaculado, ele permitiu que eu beijasse o seu pênis, o que é algo inusitado para um heterossexual que enxerga no coito oral com um homossexual um mero utilitarismo: ele permitia que eu o amasse? Emocionado, disse-lhe que ele era lindo, que eu o queria um bem enorme, que ele me faz bem, disse-lhe “obrigado”, enfim. Ele não esboçou qualquer reação. Adormeceu no sofá, deitando-se de lado. Beijei, então, uma de suas nádegas, cheirei o seu cabelo, o beijei nas bochechas e me despedi, agradecendo-o por ter me deixado feliz mais uma vez. Ele fez um gesto de concordância com as mãos. Eu o amo. E mereço, como bem disse uma amiga, ao telefone.

Passado algum tempo, vasculhei a programação de TV, em busca de algum filme que me entretivesse enquanto eu ingeria a deliciosa sopa de arroz de minha mãe. Optei por um tal de “Na Carne e na Alma” (2011, de Alberto Salvá), filme desconhecido que estava iniciando no Canal Brasil. Nunca havia sequer ouvido falar do filme, mas como o mesmo era recente e conhecia o diretor (já recomendado através de um de seus efetivos filmes, aqui neste ‘blog’), resolvi arriscar – e não me arrependi!

No filme, um rapaz mulherengo, chamado Rodrigo (interpretado por um tal de Karan Machado, muito bonito, que, para a minha sorte, aparece nu) apaixona-se perdidamente por uma rapariga instável de nome Mariana (Raquel Maia). Fazem sexo mais de uma vez, brigam, reconciliam-se, vivem juntos algum tempo, depois que ela é espancada pelo pai quando ele o flagra com um baseado, e amam-se, no sentido mais ciclotímico do termo. Oscilando entre uma trama à la “Lua de Fel” (1992, de Roman Polanski) com diversos elementos dos filmes breillatianos, o filme investia pelos rumos escatológicos da afeição: numa cena interessante, Rodrigo beija Mariana no fundo de um ônibus e tenta fodê-la ali mesmo. Ela reclama que está menstruada, mas ele não liga, e a penetra em público, sujando-a de sangue. Ela se chateia, mas ele está inebriado por ele, querendo saber inclusive como é o cocô de sua amada, que responde: “às vezes, ele é tão grande e grosso que dói quando sai”. Numa cena posterior, o rapaz futuca o vaso sanitário que ela acabou de utilizar e dissolve a merda dela em suas mãos. Na narração, ouvimos a sua voz: “se alguém me dissesse que um dia eu chegaria a fazer isso, eu não acreditaria. Podem dizer que estou louco, mas a verdade é que talvez somente agora eu esteja são”. Minutos antes, este mesmo personagem, leitor de um romance célebre de Fiodor Dostoiévski, exclamaria: “dizem que tragédia é quando parece que tu não tens mais o controle de sua vida. Não importa o que tu faças, é como se tudo já estivesse escrito. Acho que agora meu destino é ser trágico”. Não tinha como: eu me identifiquei completamente com o filme – e, para além de seus diversos defeitos, o achei quase ótimo!

Depois de pedir que ela mije em cima dele e de suspeitar que ela faz sexo com outras pessoas, Rodrigo agride Mariana. Ela viaja com outro homem para a França e eles se separam. Anos se passam, ele larga a faculdade de Ciências Econômicas, forma-se em Informática, e ela se casa. Tem uma filha pequena, largou a faculdade, foi morar em outro Estado. Depois que a reencontra, ao lado do marido, ele se sente livre. E sorri. E eu sentia que ainda amava o rapaz com quem estive algumas horas antes de ver o filme. Muito boa esta produção contemporânea, aliás: Alberto Salvá envelheceu muito bem!

Esqueci de contar um detalhe importante: antes de se apaixonar por Mariana, Rodrigo só fazia sexo com as luzes apagadas. Numa determinada noite, Mariana ousa e acende a luz, displicentemente: nós, espectadores, vemos o pênis flácido e gracioso do ator, que jazia tranqüilo e sua cama. Ele – e nós, por extensão – viu os seios graciosos dela, tão encantadores que o leva a dizer que “se Deus fosse mulher, teria seios tão perfeitos quanto estes”... Quem sou eu para desmenti-lo? Lindo filme – e eu amo! E, tal qual ele, não sei até que ponto é um problema "bater punheta até morrer" por alguém que se quer tanto bem (risos)...

[PS: somente após ter escrito este texto confessional e erótico, descobri que o ótimo diretor e roteirista falecera em 13 de outubro de 2011, aos 73 anos de idade. Deixou um belo canto de cisne juvenil como testamento, além de obras interessantíssimas como "Uma Homem Sem Importância" (1971) e "A Menina do Lado" (1987): descanse em paz, talento incompreendido e subestimado de nosso cinema!]

Wesley PC> 

3 comentários:

AmericoAmerico disse...

texto lindo

Gomorra disse...

A vida é que é linda, amigo amado... A vida! (WPC>)

Tiago de Oliveira disse...

Vamos marcar logo!!!!